Inesperadamente, o álbum “trash music“, com suas 12 faixas, vai construindo uma cadeia de sons e vibrações que instiga nossos pensamentos a desabrocharem as ideias escondidas, libertando e controlando as estruturas que irão modificar nossa essência a longo prazo.
O talento de chris portka’s o faz transitar por uma via quase unilateral, recolhendo cacos de observações e fragmentos rítmicos, para formular um interessante quebra-cabeças que nos sintoniza com a vida de um modo singular e arrebatador.
Modelando as texturas do que podemos chamar de “improvisação impressionista”, palavras do artista, compreendemos de forma profunda o argumento representativo, enquanto caminhamos pelos corredores e esquinas dessa vívida e cativante obra.
Tons sintetizados, movimentos acústicos e oscilações orgânicas e metalizadas, respiram vividamente os fundamentos dessas composições, emanando a fragrância de uma infinidade de emoções, em especial, as que temos ao vislumbrar todas as coisas negativas feitos em nosso mundo.
São causas e efeitos, belezas e cinzas que expõem o quão turva a realidade se tornou, instigando-nos a enxergar os dois lados que trançam a movimentação do tempo primordial.
Lapidando esses conceitos, cada som, se apresenta de maneira distinta e inspiradora, incomodando os que preferem não pensar e deleitando aqueles cuja voz foi roubada pelas circunstâncias.
Reproduzindo acordes acústicos com o violão, a terceira faixa, “the sky is blue in hell”, se apresenta como a mais clara e simples das canções, dando ênfase a um sereno quadro de observações, molhando a terra com gotas de tristeza e reflexão, pela beleza extraída da contaminação.
Balanceando os ânimos, a sexta faixa, “dream factory”, evidencia as cores e desgastes, por meio de uma intensa melodia, transcendente das gerações e esperanças que, foram plantadas no peito dos seres pensantes e, até hoje, alimentam os mesmos desejos para o futuro.
Podemos ver, claramente, essa demanda por atenção, também, no fluir de “to burn him up, is it too much to bear?”, “wildlife”, “bojeum”, “life is the anything else”, “women are hot”, “we’re in this together”, “your music is trash”, “disco trash metal reversal”, “hold my hand” e “let’s go play today”, conectando as mentes e ligando os interruptores sociais.
Existe um encantamento crescente e hipnótico, dentro dessa conjuração de faces, ritmos e percepções, que nos leva a conhecer cenários e noções muito além do cotidiano e da monotonia que nos cercam todos os dias.
O processo de digestão é lento, e os nutrientes são amplamente necessários para formarmos uma linha madura de percepção. O que nos causa alegria, é o fato de não fazer sentirmos cansaço ou o peso das robustas notas que consumimos, ao contrário, nos deixa satisfeitos e, de certo modo, ansiosos para repetir a dose, descobrindo as camadas que não foram absorvidas anteriormente.
“trash music” um álbum propositalmente singular, para te fazer compreender as nuances e mecanismos sociais.
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