A música e suas gratas surpresas, além do talento nato de certas artistas. Sabrina, conhecida como SAASZ, nasceu no Brasil, tem 28 anos e hoje é radicada no Reino Unido, mais precisamente em Manchester. Logo, ela fez moradia em uma cidade onde o cenário musical borbulha e por diversos gêneros, além é claro, de ter origem em um país totalmente musical, como é o nosso.
De forma independente, inclusive gravando em seu próprio ‘home studio’, ela produziu este disco intitulado “Nostalgic Escapism”, que traz um conceito todo por trás, e muito bem desenvolvido, sem nenhum exagero. Além de tudo, desde a primeira audição notamos o quão o trabalho é honesto.
Falando primeiramente sobre o conceito do disco, “Nostalgic Escapism” é dividido estrategicamente em duas partes. No geral, o disco fala sobre visar um passado do qual por mais nostálgico que seja, você também deseja escapar. A primeira parte do trabalho, que consiste nas quatro primeiras faixas, incluindo a introdução, é dedicada a questões internas, conflitos consigo mesmo e visões de mundo.
Já na segunda metade do trabalho, que consiste nas seis faixas restantes, o processo de fugir deste passado é abordado. Nela, há todo um conceito em torno de como encontrar esperança, confiança, amor próprio e autodescoberta. Isto é, nas 10 faixas, que atingem quase 38 minutos, a artista vai do céu ao inferno, em um trabalho conceitual com letras muito inteligentes e bem estruturado.
SAASZ não traz uma sonoridade com nenhum resquício do Brasil, e parece estar totalmente concentrada no post-punk/dream-pop, mas com referências claras de darkwave. Isto é, as canções aqui trazem climas atmosféricos, aspectos cinzentos, leves tons agressivos, mas uma aura soturna que pode perturbar quem aguarda algo sereno e/ou a cores.
O resultado é simplesmente maravilhoso, e a cada audição a gente encontra elementos novos, incluindo mudando as faixas preferenciais durante elas. Mas, não podemos deixar de apontar que algumas delas chamam atenção toda vez que apertamos o play e, posteriormente, o repeat.
“Jealousy”, que nos apresenta SAASZ após a introdução, sem dúvidas é um dos destaques. A faixa com veia gótica entrega os vocais sensuais tristes da cantora, e já revela que estamos diante de um trabalho peculiar. O refrão é pegajoso e hipnotizante.
A toda climática “Alternate Reality” e “Right Time”, talvez a mais orgânica do disco, com um violão certeiro, mas sem esquecer dos sintetizadores, da produção levemente suja, e da veia obscura melancólica do disco. Muito bom!
‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’
https://open.spotify.com/artist/6CgUcYq2DaA8SSRRbX77Cx?si=3HFnwvslSEi9n07Z66OdSQ
https://m.youtube.com/channel/UCSk1Lpwi24mtRGTCjHm3FBA