Mais um fator interessante que há na música, é o fato de algo influenciar trabalhos que pouco tem a ver com seu conceito. Um exemplo está aqui. O australiano WAMALA, um artista genuinamente que investe no soul, pop, hip-hop e afins, começou na música aos 11 anos, mas mergulhou de vez ao ouvir o post-rock de “Ok Computer”, terceiro álbum do Radiohead lançado em 1997.
O ouvinte mais atento, ao ouvir o trabalho do artista irá notar que, apesar do leve clima melancólico das composições, a sonoridade não tem praticamente nada a ver com a dos britânicos. Já que WAMALA apresenta algo menos introspectivo, bem menos diga-se, porém, sem deixar de ser intimista.
Isso pôde ser conferido já com dois lançamentos prévios, sendo os singles “Dance Again” e “My Whole Life”, que estão no novo EP, mas que já deram uma ideia ao público do que viria neste trabalho, intitulado ‘Fitter, Better, Healthier’, que acaba de ser lançado.
Nele, além das duas mencionadas canções, WAMALA apresenta mais duas outras faixas, totalizando quase 15 minutos de um pop pomposo, que pode figurar tranquilamente na mesma prateleira de nomes como Weeknd e Bruno Mars, além de deixar Michael Jackson e Prince orgulhosos. Claro, guardadas as devidas proporções.
E tudo mostrando uma identidade própria, pois o australiano de Melbourne tem suas próprias características. Dentre elas está o leve ar mais intimista e melancólico que citamos anteriormente. Mas, o leitor (ouvinte) precisa entender que não se trata de algo pejorativo, mas que simplesmente deixa a música de WAMALA mais introvertida, e não pior. Muito pelo contrário, a combinação de sensações, a faz ser muito diferenciada.
Logo, vemos o porque a primeira faixa do EP “Ain’t Really Livin”, um soul moderno com leves toques R&B, já é praticamente uma ‘power-ballad’ com uma melodia extremamente emotiva. A interpretação dramática do cantor colabora com tudo isso, e a gente já sente um arrepio de cara com a bela canção.
Já “Dance Again” traz referências ao synthpop, sendo a mais dançante do disco. Enquanto isso, a outra inédita, “No Matter How Long It Takes” é a melhor, mesclando soul e funk. Sua levada cadenciada e o som mais orgânico nos remetem à Motown em seus tempos áureos.
Por fim, a sensação de quero mais, ou seja, de que WAMALA poderia ter lançado um álbum cheio ao invés do EP, só corrobora com o fato de estarmos diante de um trabalho magistral.
‘discovered and supported via Musosoup #sustainablecurator’
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