A forma como a guitarra se movimenta, solitária em meio ao então silêncio avassalador, ecoa com leveza de maneira a, curiosamente, trazer requintes de um viés nordestino capaz de incitar um embrionário manguebeat. Com essa sonoridade gingada e como a chegada de um resplandecente e esotérico céu estrelado, a melodia mergulha para um ambiente de máxima pureza e sensibilidade tocante cujo som do violão, na base, consegue reconstruir a energia delicadamente arrepiante de D’You Know What I Mean, single do Oasis.
Macia e sensitiva, Colours é narrada por uma voz de timbre graciosamente agridoce, mas verdadeiramente serena. É ela que faz o ouvinte se sentir como se estivesse caminhando, de pés descalços, pela praia em uma noite estrelada. Sem pensar em nada, mas com atenção à sensibilidade da pele ao toque da areia úmida e do leve gelar vindo das ondas do mar, o espectador se percebe quase como levitando e transcendendo o mundo físico.
Apesar de vinda da Áustria, o inglês pronunciado pelo Fallin’ Astronauts é de fácil compreensão a partir da adoção de um sotaque britânico. É com ele que a dupla convida o ouvinte a um diálogo sobre perseverança e persistência. Ainda assim, o principal mote de Colours é falar sobre tolerância, aceitação e liberdade de expressão. É a bondade acima da maldade. É a união acima da segregação. É o diferente enriquecendo o mundo com diferentes pensamentos, aparências e comportamentos.
Colours vem, portanto, para motivar o ouvinte para, simplesmente, não desistir e não se esquecer de si mesmo. Afinal, como o próprio vocalista verbaliza: “don’t judge a book by its cover. We aren’t haters, We are lovers. See the world in all its colours, yeah no one’s like the other”.
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