Seu início é gradativo, mas já confere uma ambiência solar, calorosa e alegremente convidativa, mesmo somente a partir dos primeiros sonares de um riff de afinação aguda e crua. Com a fusão do sonar de metais como o trombone e uma bateria de levada estonteantemente macia, a faixa-título ganha um abrangente aroma folk quando Regina entra em cena com um vocal de interpretação tremula e, apesar de aberto, ter raspas fanhosas que lhe conferem um generoso toque sertanejo.
Indo direto para Glide And Cover, o Wishpenny traz ao ouvinte uma maciez estridente e curiosamente entorpecida a partir de uma guitarra cujo riff é docemente hipnótico e penetrante. Com grandes doses de veludo, a faixa consiste em um instrumental que funde o folk a uma espécie de rock original, ao estilo Chuck Berry. É sempre bom observar novos nomes da música revivendo as origem estilísticas do gênero musical que representam e em Glide And Cover, o duo alcançou esse feito.
Minimalista, mas ainda assim macia em seu estágio aromático esotérico, Better Than We Found traz um folk cuja estética consegue rememorar a base melódica de algumas das canções do Led Zeppelin e, consequentemente, também do Greta Van Fleet. De caráter agradavelmente estonteante, a faixa traz uma espécie de visceralidade entorpecida, enquanto o vocal de Regina traz uma entrega profunda, mas aparentemente controlada em seu vigor.
Crescendo gradativamente em harmonia e pressão, a nova canção vem recheada de um aroma e uma ambiência soturnos em seu viés acústico. É nesse instante que Regina entra com uma interpretação lírica tremulante em sua valsa aparentemente agonizante. Novamente na companhia do trombone, mas dessa vez ampliando os caráteres sombrios e melancólicos, Close é uma canção quase completamente instrumental, não fossem os esparsos momentos em que o lirismo verbal entra em cena em curtos versos em meio aos extensos instrumentais.
Retomando o caráter propriamente folk e minimalista, Not About Love parece tentar retomar o escopo solar incitado na faixa-título, mas sem sucesso. De interpretação vocal mais precisa e de pronúncias mais firmes, a canção traz, curiosamente, singelas semelhanças estilísticas com as bases melódico-líricas desenhadas pelo The Cramberries em suas respectivas músicas, ainda que, aqui, o Wishpenny consiga exortar, com sua melodia, uma espécie de fusão entre o rural e o urbano.
Adoravelmente contagiante e macia, principalmente graças à cadência rítmica ofertada pelo chocalho, Escape Velocity parece prosseguir com aquela fusão de ambiências proposta em Not About Love, mas favorecendo o lado bucólico ao tentar fugir da pressa, do relógio e se conectar ao êxtase da calmaria. E nisso, a afinação aveludada da guitarra auxilia em generosas proporções. É como o estímulo com a reconexão com a simplicidade e com a pureza. É aquilo que o contato da natureza pode fornecer. Tudo a partir de um blues de melodia contagiantemente tocante.
Day After Dark traz um Wishpenny desejando ao ouvinte a possibilidade do se desprender de tudo aquilo que é material e se reconectar não apenas consigo mesmo, mas com a natureza e a pureza que dela transpira. É como um convite a desligar o celular e apenas viver o compasso das fases do dia. É como dar ouvidos ao cansaço, mesmo que ainda não esteja na hora de dormir.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/4ibWr70sOJycp9OKtohCPC
Site Oficial: https://www.wishpenny.com/home
YouTube: https://www.youtube.com/@wishpenny
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