Quando pus esta música do The Project para tocar, meu filho que estava em outra parte da casa foi tomado por um espanto, pois acreditou se tratar de uma música do Bon Jovi, que lançou seu último álbum de inéditas em 2016 com “This House Is Not for Sale”. E mais do que isso, ainda vibrou ao pensar que nos backing vocals estava o guitarrista Richie Sambora. Bom, infelizmente tive de desapontar o moleque ao dizer que “Whats it Going to Take”, na verdade é de um músico da Califórnia, que chamou o seu amigo Mykele Hill para fazer os vocais.
Apesar da similaridade com o som dos veteranos de Nova Jersey, “Whats it Going to Take” tem seus próprios valores, e o que se acrescentar além disso serão meras especulações. A canção é um hard rock bem trabalhado, com harmonias dosadas ao seu tempo, sem complexidade e saturação. Ou seja, é uma música que não machucará os seus ouvidos, muito pelo contrário, ela fará uma bela massagem na sua audição. O clima de banda de arena é constante nessa composição, pois a sua condução com andamentos cadenciados e uma pegada forte, são capazes de levantar qualquer público em arquibancadas.
Sobre influências, bom, acho que o queixo despencado do meu filho ao chão já entrega, mas no geral, James Davis do The Project escuta qualquer coisa que ele possa transportar ao seu próprio estilo, enquanto que Mykele Hill escuta coisas como Taylor Swift, Kacey Musgraves, Miranda Lambert e bandas mais clássicas. Nesse caso, para ter saído uma música como “Whats it Going to Take”, a dupla com certeza saiu um pouco a curva. Para músicos verdadeiramente competentes, zona de conforto é algo que chega a incomodar. Pode ser o caso dos dois protagonistas dessa obra.
O single, que é o primeiro lançamento do The Project deste ano, acertou no alvo também em termos de produção, pois a atmosfera dos anos noventa foi totalmente resgatada nesta música, e olha que não temos aqui um caso de super produção. A beleza contida em cada lançamento da banda sempre é extraída de maneira orgânica, sem quilos de maquiagem para desfaçar possíveis discrepâncias. Dessa forma, o que você ouve nesta canção, é um exemplo genuíno e imensurável do talento de duas feras. “Whats it Going to Take” é aquele tipo de música que, mesmo sendo contemporânea, nos faz retornar ao tempo que pegávamos capas de LPs deitados no sofá da sala, lendo o encarte enquanto o vinil toca no aparelho.
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