Uma voz surge ao longe como um personagem onipresente, um eco de profunda psicodelia capaz de fazer o ouvinte se sentir pertencente a um cenário amplamente fantasioso como aquele da animação de Alice No País Das Maravilhas. Junto a essa voz de timbre fanhoso e levemente encorpado de Mr. Strontium, um ukulelê surge em suspiros rasgados e sujos, introduzindo, assim, uma perfeita melodia de garagem.
É curioso, pois mesmo com poucos e repetidos versos líricos e com esse ukulelê elétrico e minimalista, simples e linear, o The Margaret Hooligans consegue fazer com que Royal Octopus Canal consiga transpirar, também, requintes singelos de new wave da conjuntura melódica. É então que, após o término da primeira estrofe, a bateria surge em golpes firmes e secos. Uma desenvoltura cuja precisão é capaz de comunicar um grande turning point melódico-narrativo.
Assim sendo, a melodia de Royal Octopus Canal assume uma personalidade mais atrevida, ousada, ríspida e perigosamente atraente. Agora explosiva também em decorrência da entrada de Meg Cratty nos vocais em sua interpretação punk, a faixa evidencia seu enredo que, apesar de tratar das dores do coração vindas de um relacionamento infrutífero, cheio de desgosto, mágoa e autopiedade, enfatiza a imponência, a raiva e a ousadia como escudos contra tais sofrimentos.
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