Sem demora, ela já começa a desfilar, calmamente, suas silhuetas sensuais e delicadamente provocantes. Ainda que iniciada sob uma embrionária influência do R&B, a canção passa a comunicar generosas doses de uma mistura entre pop e trap. Comandada por uma voz de timbre grave vindo de Nayo Dez, Cheriè oferece um bom blend entre o urbano, o frescor acalorado do mediterrâneo e o swing latino.
Entre melismas bem executados, a canção é embebida num beat em que os subgraves fazem grande uso da estruturação do tempo rítmico da melodia. Enquanto Cheriè mostra Nayo tentando e experimentando amplos alcances vocais, mas, felizmente, entendendo seu limite de afinação, ela definitivamente não consegue esconder sua essência sensual, mesmo quando aparenta promover uma ambiência romântica.
O interessante é que, entre o marginal e o frescor do mar banhado por um Sol quente de verão, Cheriè é a perfeita sonorização da libido, do prazer, da sensualidade, do desejo, do calor. Da química ardente entre dois corpos. Ainda assim, imbuída em tal cena carnal, Nayo, na verdade, metaforiza sua própria necessidade de encontrar um senso de pertencimento e um lugar onde se sinta importante, querida. O prazer é a metáfora da plenitude de uma alma que arde pela sua carência não apenas de afeto, mas, principalmente, de identidade.
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