Há trabalhos que são compostos minuciosamente para prender o ouvinte, pois apenas uma composição de seu contexto não serve para resumi-lo. Afinal de contas, a música pode perder seu sentido, se separar de suas coirmãs e saírem do tracklist original. Isso é uma sacada muito boa dos artistas e exatamente o que encontramos neste mais novo disco de Dave Hawley.
Ao lado de Eric Buratty (bateria), James Bjork (saxofone) e Jen Hawley (trompete, voz, gaita), ele lança este trabalho intitulado “Open Till Late”, com dez músicas instrumentais que se complementam, caminhando por diversos estilos, muitos deles bem distintos um do outro.
Mas, o porém está neste fato. A distinção das canções se liga claramente no diferencial em que uma apresenta da outra, para que busquemos e notemos o que há de comum entre elas. Propositalmente com os títulos de uma palavra, os nomes das faixas funcionam como inspiração para a pintura tonal de cada uma.
Vamos ao primeiro detalhe, já que a música que abre o disco parece ter nome em português, mas com a grafia errada. Intitulada “Suadade” (seria ‘saudade’?), abre o disco com um bom cartão de visitas, mostrando uma cozinha precisa e deixando claro que o sax é o condutor da melodia.
A primeira surpresa já vem em seguida, já que “Blatherskite” mostra a primeira faceta rock, com riffs de guitarras pesados, uma condução batuta da cozinha e até mesmo o saxofone soando agressivo. Isso prova que eles estão dispostos a saírem da casinha, bom pra gente!
“Munge” é outra faixa que segue um pouco o caminho do rock, mas dessa vez, além das guitarras pesadas, mostra uma cozinha com um pouco mais de pegada, porém com um ritmo mais quebrado. O saxofone chega mais na cara, sem agressividade e transbordando melodia.
Uma boa surpresa fica para a objetiva (menos de três minutos) “Propinquity”, que conta com vocais! Isso mesmo, e funciona muito bem, em forma de dueto, contando com a participação de uma cantora. Musicalmente um blues atual com leves toques de jazz, onde o sax sai e entra uma harmônica espetacular.
Essas são algumas das faixas que se destacam, porém, não há como dizer que são as melhores, pois vai de cada percepção do ouvinte. Mas, é fato que “Open Till Late” é bem acima da média como um todo. Com uma ótima produção e equilíbrio, faz da música instrumental abrangente jazz, blues, rock e afins irão se deleitar.
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