Uma voz grave em um claro timbre digitalmente editado confere um verso que funciona como o abre-alas da canção. A partir daí, a melodia, enfim, se mostra. Macia, swingada, adocicada e floral, ela vem na forma de um contagiante reggae em cujos sons agudo-aveludado-ácido cuidadosamente pincelados do teclado se tornam marcantes.
É interessante notar que, pelo beat desenhado pela bateria, não apenas o reggae em si se mostra como o gênero musical dominante dessa atmosfera. O dub também passa a ser um importante elemento a fazer com que, definitivamente, Elle Etáit L’Océan seja cenograficamente ambientada na Jamaica ou qualquer outra localidade latina da América Central.
Leve, serena, adorável e organicamente contagiante, a canção é narrada em francês por um vocalista de tom suavemente grave acompanhado de sobreposições vocais no intuito de ampliar, educadamente, a harmonia. E, talvez, justamente por ser trazida em tal idioma, Elle Etáit L’Océan apresente um charme irresistivelmente belo e delicado.
Minimalista e densamente linear em sua estrutura, a canção mostra a capacidade de Mikhaelize em fazer do menos o mais. Afinal, com poucos elementos e, portanto, pouco brilhantismo e virtuosismo, um objetivo foi gratificantemente alcançado: o de atrair, contagiar, entreter e unir as pessoas na energia da simplicidade e honestidade do reggae. Dessa forma, tanto tal gênero como os seus subgêneros conseguem alçar voos rumo a maiores audiências.
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