Seu som já vem agraciado por uma grande dose de frescor e suavidade. De movimento rítmico macio, a introdução já informa ao ouvinte um primeiro sinal estético: a inserção do indie rock como ingrediente de estreia. Com o auxílio de uma guitarra de afinação hipnótica e de energia curiosamente melancólica, a canção vai evidenciando de forma mais nítida as suas silhuetas conforme a bateria de frases ligeiramente rígidas desenha o escopo rítmico. Narrada por uma voz de timbre delicado em suas leves raspas graves vindas de Rob Prince, Ballerina é uma faixa de enredo metafórico em que o aparente romance descrito nada mais é do que o álcool gradativamente agindo na corrente sanguínea e deixando o personagem lírico em uma espécie de fervor extasiante.
Existe uma crueza experimental e lo-fi transpirado da nova introdução. Ainda assim, ela vem em uma face curiosamente sensual, mas tímida. Na forma inicial e aparente de um blues bastante caseiro, a canção possui uma introdução hipnotizante, entorpecente e nauseante calcada em um verso lírico repetitivo adornado por um violão de riffs embriagados. Surpreendendo aos ouvintes, porém, a canção assume um turning point estrutural quando sua melodia se torna completa e ligeiramente mais acelerada. Com flertes entre o folk e o rockabilly, My Baby Don’t Care For Me acaba sendo preenchida por uma levada macia, mas linear, um baixo de riffs curtos, mas cadenciados, e um lirismo, no mínimo, divertido na forma como exorta o grau de angústia do protagonista frente à espera de uma resposta decisiva que irá modificar o seu e o futuro da pessoa amada.
Aqui, Prince, sem qualquer tipo de delonga, fornece um ritmo estruturado na típica métrica folk. Contagiante, alegre e sorridentemente em sua estética curiosamente trotante, cujo protagonismo do violino salienta esse caráter cavalgante da sonoridade, Banned From The Bar traz um lirismo cômico e uma conjuntura rítmico-melódica divertida que atrai a atenção do ouvinte com grande facilidade.
É tocante. A forma como a guitarra puxa a introdução, principalmente pela afinação e movimentação adotadas ao lado de punchs delicados, mas muito bem colocados de forma uníssona da bateria com o baixo, cria uma similaridade estética para com a melodia construída em Gone Away, single do The Offspring. Fresca, suave, mas repleta de uma nostalgia curiosamente dolorida, a faixa, logo em seus primeiros instantes líricos, pela adoção e pronúncia de certas palavras, possibilita também a percepção de um breve parentesco para com D’You Know What I Mean, single do Oasis. Macia, melódica e cativante em sua simplicidade harmônica, She Was With Me All The Time tem boa base melódica trazida por um baixo marcante e uma essência blues aveludada.
Telling Tall Tales se mostra como um produto equilibrado no que se refere à melodia e ritmo. Um produto contagiante e bem equalizado. Com uma parte técnica bem arquitetada, o EP mostra, já a partir de suas quatro primeiras faixas, o seu caráter blues-folk-indie rock que se desenvolve ao longo de seus enredos lírico-sonoros. De fato, um material que escancara a simplicidade e a musicalidade de Rob Prince.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/1y3dgWWdWqY381dUKeMqzn
Site Oficial: https://www.robprince.co.uk
YouTube: https://youtube.com/@prinrj?si=BzMuGP5IiHo-3hnt
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