A agudez inicial da canção é hipnotizante, entorpecente. Adocicada, em certa medida, ela vem acompanhada de chiados que, sem dificuldade, comunicam flertes estruturais para com o campo sonoro do lo-fi. Conforme diferentes notas de azedume vão tomando conta do cenário a partir de repetições tremulantes, o ouvinte não apenas se imagina estando em seu lazer jogando videogame, mas, especificamente, na etapa de escolher seu avatar para começar o jogo. Esse é o ecossistema sugestionado do prelúdio The Grind.
Existem apenas algumas frestas de luz. O chão e as paredes são rochosos e úmidos, graças às goteiras espalhadas pelas suas partes superiores. Escorregar, aqui, não é um erro, mas uma realidade. E nesse processo, a exploração do cenário é necessária para saber quais as melhores atitudes a serem tomadas pelo personagem. Por meio de sonares ácidos, mas agudos e aveludados em seu torpor, o jogador vai sentindo uma leve e aparentemente enganosa noção de conforto. Explorando uma melodia estridente em meio ao mergulho nítido no campo do chiptune, Caves é onde o campo de batalha vai, gradativamente, se evidenciando para o avatar.
O torpor e o transcendental se unem com versatilidade e sincronia logo na introdução do novo cenário. De requintes ligeiramente espaciais a ponto de misturar até mesmo o sci-fi na receita melódica, Shop é aquela faixa mais experimental de Videogame!. Afinal, explorando um interessante swing em sua adoção rítmica, ela é uma faixa que soa como aquele momento em que o jogo está pausado e o jogador está na ânsia de comprar apetrechos para que seu avatar tenha melhores desempenhos nas fases seguintes.
Independente se o ouvinte é criança, adolescente, adulto ou idoso, qualquer faixa etária, com seu mínimo convívio com jogos eletrônicos, saberá identificar, pelo primeiro sonar absoluto, em se tratar de uma imersão no universo do videogame. Não é à toa que Zach Bilcsik conseguiu fazer com que, apenas a partir das três primeiras, do total de seis faixas, o espectador note que Videogame! promove a sensação de que o público é seu próprio avatar em um jogo. Um álbum imersivo da melodia aos cenários imagéticos.
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