Ela não tem uma introdução tradicional, daquelas formadas por um instrumental que serve como a perfeita metáfora do amanhecer. Afinal, seu despertar já traz Hannah Koivu desfilando seu timbre agudo e doce no limite da estridência ao lado de sonares sintéticos pontuais e de caráter entorpecentemente opaco.
Tendo, por um breve momento, o estalar de dedos como o elemento a inserir a cadência rítmica, a canção é logo recebida por um beat eletrônico com direito a chimbais sincopados. Encaminhando a faixa para um ápice narrativo dramático, a secura do sonar sintético do instrumento segue em evidência, mesmo quando existem toques ásperos aparentemente vindos de uma guitarra elétrica.
Com uma movimentação lírica ligeiramente mais cadenciada, de forma a trazer uma noção de maciez também na forma como pronuncia os versos, Hannah faz de Glad You Weren’t My Boyfriend uma canção que extravasa o respiro. Funcionando como o alívio, mas também evidenciando as lacunas incômodas de uma amizade tóxica, a canção é um antídoto a todos aqueles que já vivenciaram uma situação semelhante.
Evidenciando toques graves em seu timbre vocal, Hannah não apenas não esconde, como também aumenta consideravelmente a dramatização estrutural de Glad You Weren’t My Boyfriend. De ponte com guitarra vibrante e evidenciando mais uma vez um lirismo de essência imperdoável, a faixa é como o afastamento de tudo aquilo que é negativo na ânsia de reequilibrar o emocional.
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