Entre sonares sintéticos e ácidos, Joe Lington surge em meio a um diálogo questionador em que lança, ao ouvinte, a pergunta sobre o conhecimento do que é pinkeen. O interessante é que, apesar de não haver um lirismo com enredo de fato, Pinkeen é um prelúdio de versos curtos, mas de melodia contagiante e sensual em sua imersão no campo do R&B.
Ela nasce delicada, mas melancolicamente dramática. Através das notas sofredoras do piano em seus tons graves, essa sensação transcende os limites do som. De súbito, porém, todo esse contexto sensitivo é desmontado. A partir da união de sonares estridentes e aveludados com um beat suavemente rígido, Lington transforma o cenário quase em uma festa. Se tornando alegre e convidativa, Move Your Body se matura como uma obra feita a três mãos. Nela, Lington tem a companhia de Otaku Black, do timbre aveludado de Lady FI e recebe com gratidão o solo de saxofone, a base aveludadamente doce do fender rhodes e a precisão do groove do baixo.
She Episode One chega como um interlúdio dramático em sua narrativa. Trazida por uma voz feminina, a faixa tem, no contexto lírico, o chamariz que prende a atenção do ouvinte. Afinal, aqui Lington apresenta a história da união de dois personagens vindos de culturas diferentes, sendo que, deles, houve a construção de uma atração inicialmente unilateral. E esse personagem atraído, começou a investigar o passado amoroso do outro até ser confrontado com uma resposta reflexiva que o deixou intimamente irrequieto.
O beat é produzido de forma consistente a ponto de haver uma ressonância em seus golpes que ecoa pelo ambiente como um ingrediente a incitar o dramático. Assim que o baixo surge em meio a um rompante encorpado, Lington entra em cena com um melisma agudo já comunicando a imersão no R&B. Em meio a violinos que desenham certa densidade melancólica, o cantor surpreende o ouvinte por, em Hypocrisy, se enveredar pelo idioma francês. Tendo ele como um guia lírico, o cantor traz um personagem sofrendo por ser alvo de críticas de pessoas hipócritas, invejosas e gananciosas que veem, nele, um objeto facilitador de aquisições. Nesse processo, a canção fica tocante por, a partir do protagonista, ensinar as pessoas a relevarem as opiniões degradantes e rejeitosas, enquanto assumem para si a verdade de não ser igual a esses que só criticam.
É verdade que She é um álbum vasto, versátil e musicalmente multifacetado. Entre canções emaranhadas no R&B, mas também no funk, como é o caso de Oh Yeah, o material tem uma maturidade rítmica surpreendente e uma construção absoluta bastante competente. Isso porque, além de incitar a dança, ele é capaz de, também, trazer temáticas mais sérias e reflexivas para fazer seu ouvinte pensar.
Isso é possível de se perceber já a partir das suas quatro primeiras canções, vista a capacidade de composição e comunicação que Joe Lington possui. Entre falsetes e melismas bem executados, o cantor, ainda não esconde a influência de nomes como Michael Jackson e Prince na sua forma de canto, o que o torna sensual e musicalmente atraente. Definitivamente, She é um álbum que deve ser ouvido por inteiro para conseguir assimilar sua miscelânea rítmica e seus enredos variados.
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