Seu início é regido por uma maciez quase espectral. Contagiante e de um aroma hipnotizante, ela vem em uma silhueta serena, educada e até mesmo tímida. Ainda assim, sua beleza e bondade são extremamente evidentes através de seus olhos doces e penetrantes. Essa é a maneira como All Love Matters, a faixa de abertura do álbum, se apresenta ao ouvinte. Denotativamente melódica, a canção é embebida em uma linearidade estrutural que acaba auxiliando no processo de identificação de sua energia leve, descompromissada e livre. Conseguindo criar uma ligeira familiaridade estética para com Isso, single dos Titãs, a canção é narrada por Nigel Brown, que com seu timbre sereno e levemente grave, amplifica o senso de veludo e frescor exaltado pelo escopo rítmico-melódico
Aqui, a introdução é regida sobre a união entre piano e violão, de forma a criar um interessante contraponto entre dulçor e secura. Curiosamente, porém, ambos os instrumentos se mostram em perfeita sintonia, algo que se mantém até mesmo quando a guitarra entra em cena com seu riff limpo em uma afinação solar. Na métrica rítmica 4×4, a bateria desenha uma base ligeiramente blues, On A Different Day flui para um refrão harmonicamente contagiante capaz de surtir em lapsos de arrepios no ouvinte pela sua simples beleza sonora.
Seu nascimento é regido pelo frescor, mas um frescor que traz consigo inquestionáveis notas de uma melancolia curiosamente nostálgica. Delicada, a introdução fornece lágrimas forçosamente preservadas em um olhar entristecido representado pelas curtas, mas audíveis notas pronunciadas pelo baixo na base melódica. De versos de ar lineares, All In All, conforme se desenvolve, faz prevalecer as silhuetas melancólicas anteriormente identificadas, ao mesmo tempo em que torna a ambiência curiosamente romântica em sua essência estranhamente reconfortante.
O vento sopra do lado de fora, mas o céu não está completamente fechado, cinza. Por entre seus feixes de um azul-anil, revoadas de pássaros são vistas emanando um senso de liberdade incandescente. Embriagado pelo aroma da grama que perfuma o ambiente conforme o orvalho é evaporado com a luz solar da manhã, o indivíduo se percebe na dualidade entre o máximo de bem-estar e uma estranha e enigmática inquietação. Porém, assim que se vira de frente para sua casa e vê a fumaça saindo da cafeteira e a família sentada à mesa para o café da manhã, seu coração é tomado por um transbordante senso de pertencimento. Esse é o cenário imagético proporcionado pela melodia introdutória que a canção fornece. Ainda mais delicada que os demais amanheceres já apresentados, The Feathers Of Her Wing tem, a partir da sonoridade desenhada pelo violão, uma semelhança de doçura para com aquela desenhada por Glenn Frey e Don Felder em Hotel California, single do Eagles. Ainda assim, sua essência acústica lhe confere uma autenticidade transbordante.
Freedom Beats The Drum é um álbum de emoções. De sentimentos. De texturas. De sabores. Um produto entorpecente, embriagante, que tira e devolve o ouvinte à consciência com grande maestria. De melodias delicadas e harmonias belas em sua simplicidade, o material consiste em uma coleção de músicas de base folk que se dividem entre a arquitetura do acústico com ligeiras crescentes melódicas. Essa experimentação, por sinal, fica evidente logo nas suas quatro primeiras faixas, quando o disco chega a até mesmo transmitir uma pureza quase imatura.
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