O céu já se encontra em seu processo poente. Ainda claro, mas já com ligeiros sinais de diminuição em seu brilho natural, ele abriga um Sol já presente ao longe. No além-mar, ele se mostra com um tom alaranjado, enquanto oferece aquele amornar reconfortante de final de tarde.
Esse é o clima tropical e relaxante explorado pela introdução, a qual é regida pela delicadeza extasiante estruturada entre a sincronia harmônica entre a guitarra lap steel e o violão. Floral e aveludado, mas também bastante fresco, o instrumental introdutório chega a ser convidativo e até mesmo entorpecente.
Curioso é notar que ao mesmo tempo em que sugere um cenário tropical, a canção, conforme se desenvolve, é capaz de também construir um ambiente bucólico atraente. A partir da entrada do vocal de timbre perfumado e ligeiramente grave de Marcelo Rafael, porém, a faixa começa a mergulhar em energias curiosamente melancólicas.
Apresentando um eu-lírico de alma romântica, mas densamente dramática e carente, Marcelo Rafael faz de Mulher uma obra em que ele pede por alguém capaz de completar as lacunas do coração. Floral, delicada e aveludada, a música é agraciada por um turning point truncado e cru, mas capaz de promover uma amplitude harmônica, enquanto rompe com a embriaguez afofada.
É no refrão que bateria, guitarra e baixo entram em concordância ao produzirem uma melodia folk mais elétrica. Nesse ínterim, Mulher se define como uma música em que o protagonista se deleita na força da fé de que irá, a todo custo, encontrar a pessoa merecedora de entrar em seu coração e usufruir do amor generoso que tem a oferecer.
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