É apenas a voz a responsável por puxar o abre-alas da canção. Trazendo um tom agudo, Peter Michaels Jr., na verdade, está acompanhado de um único elemento a mais que não seu vocal. O baixo, posicionado cuidadosamente na base melódica, se faz ouvir a partir de sonares únicos, secos e espaçados por uma frase sonora de extremo minimalismo.
Nesse ínterim, portanto, o cantor assume a posição de destaque na criação de um elo entre canção e ouvinte. Afinal, ainda que o baixo seja audível em certa medida, é a interpretação vocal que leva a plateia consigo, que captura a atenção e a curiosidade de um público que ainda não se ambientou por completo na atmosfera desenhada na canção.
No entanto, assim que a primeira estrofe se encerra, bateria e violão invadem, juntos, o ecossistema rítmico-melódico. Por meio deles, a canção se torna fresca e organicamente contagiante, casando, assim, até mesmo com a forma como os versos são colocados na camada lírica. Nesse ínterim, Fed Up acaba recebendo a adesão de sonares de metais junto de um doce e ácido na base melódica. Assim, além da harmonia ser, enfim, conquistada, novas texturas são aderidas à canção.
Conquistando um caráter levemente psicodélico, Fed Up acaba se amadurecendo de maneira a mostrar uma construção crua, garageira e sem muito refinamento. Ainda assim, sua estética é contagiante e que causa um interessante contraponto com o enredo lírico. Afinal, aqui Michaels Jr. representa uma sociedade cansada de autoritarismo, mas ao mesmo tempo, critica as futilidades comportamentais difundidas pelos manuais de utilização das redes sociais.
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