É interessante. Afinal, a maneira e a afinação com que a guitarra se apresenta sugerem ao ouvinte uma enganosa maciez reconfortante. Enquanto isso, a melodia estruturada pelo instrumento já possibilita a percepção de um ambiente regido por um céu cinza e chuvoso, confirmando um despertar de senso melancólico.
Sem qualquer mudança na estrutura sonora ou, mesmo, sem a entrada de outro elemento a compor o escopo melódico, a canção mantém seu minimalismo estético mesmo quando acessa seu primeiro verso. Nele, a faixa recebe uma voz feminina de timbre interessantemente agudo cuja postura traz um quê de sofrimento e agonia aparentemente controlados.
Assim que a bateria entra em cena rompendo a embriaguez até então absoluta da atmosfera, Hate Has No Home Here acaba garantindo para si uma energia visceral e dramática que transcende e extrapola os limites do som. No momento em que alcança seu refrão é então que a obra evidencia seu caráter lírico de forma mais madura.
Em meio à sua atmosfera melancólica, introspectiva, visceral e até mesmo angustiante, quesito proporcionado principalmente pela interpretação lírica trazida pela vocalista, Hate Has No Home Here tem, como principal viés, dar um basta no ódio e na intolerância quanto às diferenças. Não é à toa que a obra destaca a beleza da heterogeneidade como algo humano e natural na tentativa de propor um senso de união e igualdade para acabar com tal preconceito.
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