Um sonar ondulante e agudo é ouvido ao fundo de maneira a soar tal como a chegada do Sol ao céu fazendo o dia nascer. Proporcionando, assim, uma paisagem crepuscular curiosamente bucólica, a introdução logo migra para um ecossistema mais melancólico com a presença de uma guitarra de riff agudo, aveludado e levemente ondulante. Nesse ínterim, a camada lírica começa a ser preenchida através de uma voz masculina de timbre agridoce que se posiciona à frente do microfone. Eis Alex Uhlmann inserindo novas texturas de dulçor e veludo à composição sonora. Sob uma postura cabisbaixa e reflexiva, o cantor faz de Never Be The Same uma obra que, de fato, convida o ouvinte a imergir em uma experiência introspectiva e pensante. Enquanto isso, a faixa explora camadas dramáticas com a entrada de violinos sobrevoando a dianteira sonora durante o refrão, tornando o ecossistema tocante e, curiosamente, choroso.
A maneira como o piano entra em cena, com suas notas agudas capazes de surtir, no ouvinte, um sabor adocicado, faz com que a ambiência introdutória seja embebida em um profundo e pegajoso senso nostálgico. Macia, generosa e até mesmo compassiva, a canção vai assumindo contornos de uma delicadeza quase espectral, conforme seu escopo melódico recebe o violão e a camada lírica passa a ser preenchida não apenas por Uhlmann, mas também por um time de backing vocals. Recebendo o violino como outro elemento em sua receita estética, a obra se torna esteticamente frágil em sua postura instável. Eis então que, quando acessa o refrão, a faixa-título concede uma liberdade incondicional para que as lágrimas escorram pelo seio da face a partir da explosão de um ambiente dramático, tocante e de uma beleza pura, intocável. É como a necessária assumição não apenas do senso de pertencimento, mas do encontro de um lugar em que é possível se sentir protegido, querido e, acima de tudo, ser verdadeiro.
O novo amanhecer já entrega ao ouvinte agradáveis noções de um swing ainda embrionário. E o curioso é que, aqui, o violino assume uma interessante postura romanceada, ao passo que Uhlmann experiencia seus dotes vocais pronunciando falsetes bem executados. Esteticamente leve e fresca, Only For A Minute soa como o vento fazendo a cortina do quarto valsar e a brisa da manhã tocar a pele recém despertada do indivíduo cuidadosamente posicionado no colchão. Nesse ínterim, a canção acaba garantindo para si uma ambiência curiosamente dançante que convida o ouvinte a mergulhar nesse universo de veludo tão contagiante que é a presente composição.
Home é um trabalho que se destaca pela sua atmosfera macia, fresca. Que se evidencia pela sua paisagem crepuscular. Que chama a atenção pela sua delicadeza generalizada. Um material que embriaga e entorpece o espectador com suas camadas sonoras frágeis e cuidadosamente sensuais, mesmo quando dramáticas, como é o caso de Fading Way. Na faixa, inclusive, Uhlman explora um tipo de vocal que soa curiosamente assombroso, fantasmagórico.
Como um álbum que hipnotiza pela sua base estrutural romântica capaz de misturar nostalgia à sua receita sensorial, Home permite que tais constatações sejam adquiridas já a partir de suas três primeiras faixas. Isso acontece graças à sutileza e à sensibilidade com que as faixas, mas, também, o álbum como um todo, foram concebidos.
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