Desde o seu imediato despertar, a canção não esconde a sua base rítmico-melódica calcada no blues. Macia e ligeiramente swingada, a introdução traz em si uma delicadeza quase acústica capaz de, curiosamente, rememorar aquela estética sonora presente em The Passenger, single de Iggy Pop.
Ainda que isso de fato aconteça, a maneira como a presente canção é construída a faz transpirar interessantes e frescas notas de uma atmosfera latina bastante leve. De caráter cenográfico em meio à sua linearidade estrutural, a canção, conforme engata uma crescente rumo ao refrão, permite a entrada de outros elementos sonoros, como a sanfona que, com sua acidez adocicada, consegue comunicar o ouvinte, de forma clara, a sua representatividade em relação à música folk. Uma representatividade que, como visto, não acontece de forma rígida, pois permite a fusão de noções graciosas do blues por meio da performance da guitarra.
O interessante, aqui, é notar como Romain Gutsy, com sua pronúncia feita quase que totalmente de forma falada a partir de seu timbre agradavelmente grave, e sem qualquer menção de romantismo, faz de seu lirismo uma carta de amor. Uma confirmação de sua lealdade e de sua paixão. Uma dedicatória cheia de confissões à única dona de seu coração, Eloisa.
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