A canção que abre o álbum é regida por uma delicadeza quase espectral. Frágil em seu minimalismo estético, a canção explora um sentimentalismo tocante em seu ligeiro senso de melancolia. Aveludada e adocicada na medida certa, a obra se vale apenas pela desenvoltura do piano, que permite ao ouvinte se ver no pico de um desfiladeiro observando a infinitude do mar e respirando, de olhos fechados, o ar puro da natureza intocada, enquanto o vento refresca o corpo quente e faz os cabelos valsarem em uma dança dissincronizada. Irradiance é como uma injeção de leveza e esperança em um corpo sedento por compaixão.
O dulçor desenhado pelas teclas do piano, desde o imediato despertar, conferem à canção um senso melancólico emotivo que faz escorrer, pelo seio da face, lágrimas formadas por uma delicadeza humilde e humana. Floral em seu perfume que abraça o espectador de maneira reconfortante, Molecules explora uma espécie de sensualidade que faz com que o ouvinte se sinta pertencente ao seu universo e se liberte do senso senso de solidão, especialmente o de desamparo.
Imagiro é um álbum cujo título lhe cabe muito bem. Afinal, embebido em um máximo minimalismo estrutural, o material, por meio do piano, estimula não apenas o sentimentalismo do espectador. Ele desperta, também, o senso de altruísmo a partir da transmissão de emoções passadas a partir das teclas do instrumento. Como um produto nascido da composição de músicas improvisadas, o disco traz uma profundidade latente já possível de se identificar em suas duas primeiras canções. Uma verdadeira viagem sensorial.
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