Os sonares borbulhantes efetuados pelo teclado dão a impressão de se estar aderindo a um cenário fantasioso, fantástico. Sonhador. Enquanto isso, uma voz feminina de timbre agudo de raspas graves surge como se fosse o timbre de uma personagem onipresente falando diretamente com o espectador. Ainda que tal detalhe não forneça um senso alucinógeno profundo, ele consegue, sim, conferir um estado latente de torpor.
Com uma paisagem ligeiramente atmosférica em meio a uma sensualidade despropositada fornecida pela forma com que Bri Scully se posiciona frente ao microfone, a canção evolui para um cenário que, agora, em virtude do enredo rítmico-melódico que se firma, garante para si a identidade swingada.
Com um riff ligeiramente azedo, a guitarra entra em um compasso quase sincrônico com a ligeira libido ofertada pela bateria e sua movimentação fluida e provocante. Isso acontece de caso pensado assim que o refrão é alcançado pela música, momento em que a temperatura esquenta e a postura vocal de Bri se torna mais enfática.
O mais interessante a ser notado em Don’t Wanna Be Your Girl é a dicotomia de energias que ela emana. Afinal, enquanto o beat e a paisagem melódica acabam surtindo em uma percepção alegre, o enredo lírico traz consigo algo diferente. Entristecido, reflexivo. Melancólico. Esse é o grande trunfo da faixa.
Mais informações:
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