É, no mínimo, interessante. A forma como a introdução se pronuncia, inclusive, traz uma generosa dose de audácia por promover uma mistura sensorial de delicadeza com drama. De incitar, no ouvinte, o conforto, mas, ao mesmo tempo, a tristeza. A melancolia. Sob um efeito fade out bruto, a canção passa dessa atmosfera clássica e frágil para uma eletrônica de toques ligeiramente industriais. Por meio dela, o sombrio toma conta do cenário e o espectador, consequentemente, fica refém de um senso incontrolável de insegurança. Ainda que isso aconteça, a forma como How I Feel é construída mostra ao ouvinte o misto de alucinação e consciência perante a necessidade lúcida do personagem por ajuda, por apoio. Por consolo.
Iniciando por meio de uma atmosfera sonora sintética curiosamente esotérica, a canção já apresenta momentos de lucidez promovidos por um violino que sobrevoa a dianteira melódica com uma postura chorosa que denota nítida angústia. Passando para um ambiente eletrônico que flerta com a cenografia do chiptune, a canção passa a contar com um compasso rítmico sincopado e marcante que se associa aos subgraves pontualmente posicionados no enredo rítmico-melódico. I Can’t Stop é como uma constatação quase fria perante um comportamento destrutivo imparável.
Inquestionavelmente um produto profundo. Ainda que instrumental, 444 é um EP que é carregado de sentimentos dúbios emaranhados por súbitos de consciência em meio às alucinações promovidas pela tristeza, pela desesperança e pelo desolamento. A partir de suas duas primeiras faixas, principalmente, o material mostra a necessidade de Robcobob de trazer à mesa a discussão sobre saúde mental. Afinal, como bem vista no presente material sonoro, ela é inconstante e pode muito bem esconder o caos interior vivenciado pelo indivíduo até que suas forças se esgotem.
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