É interessante. Afinal, a melodia estruturada pela ressonância de duas notas sincrônicas do piano dão à atmosfera uma embrionária percepção de se tratar de uma canção calcada nas paisagens musicais do soul e do gospel. Desta feita, o ouvinte é banhado por uma agradável, contagiante e motivadora energia de esperança que o faz, ao menos por alguns instantes, relaxar seu rosto contraído pelas lágrimas que escorrem de seus olhos.
Eis então que uma voz afinada de timbre doce e ligeiramente aveludada surge em cena à frente do microfone entoando versos que evidenciam a escola de canto R&B em virtude dos melismas executados. Se mostrando uma obra minimalista, a faixa tem, em si, um senso melancólico pegajoso que extrapola os limites do som e contamina o espectador.
Conforme vai se desenvolvendo, graças à interpretação lírica despejada sobre o enredo verbal por Roi Aknin, a canção vai garantindo para si evidentes toques de visceralidade, entrega e, acima de tudo, intensidade na representação melódica de suas emoções. Quase como uma prece que pede auxílio, companhia e, principalmente, compaixão, a canção vai desfilando suas silhuetas dramáticas por conta da introdução de um violoncelo choroso que sobrevoa a dianteira sonora.
Com uma harmonia tocante e capaz de tirar lágrimas do ouvinte em virtude de sua delicadeza bela, We’re In The Same Boat (Don’t Let Us Drown) se configura como uma canção de reza. Por meio dela, Roi Aknin se abre e explora, com gentileza e educação, os sensos de melancolia e pesar, além de dividir a experiência humana de lutas e perseverança presentes em meio a essa que é uma balada potente.
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