As lágrimas parecem escorrer pelo seio da face com uma temperatura ardente e com uma textura rascante. Graças à maneira com que o piano se movimenta como único elemento a delimitar os primeiros contornos melódicos da composição, a dramaticidade energeticamente construída faz com que essas lágrimas que saem sem controle dos olhos de um personagem ainda enigmático assume uma característica densamente ácida.
Ainda assim, o que salta aos ouvidos é a construção gradativa de um cenário embebido em melancolia e minimalismo estrutural. Delicada em sua máxima essência, a canção, conforme recebe a bateria como outro elemento sonoro e o primeiro a propor a construção da camada rítmica, é agraciada por uma voz feminina de timbre doce e delicado no desenho dos traços líricos.
Eis Juliet Ayres dando vida e alma à persona dessa canção de cunho entristecido e intimista. E o que a torna ainda mais visceral é a entrada de um violoncelo marcante em sua ressonância grave e ligeiramente estridente. Por meio dele, a intensidade da obra atinge níveis altos capazes de extrapolar o limite do som e atingir o interior de cada ouvinte que se aventura a conferir seu enredo verbal. Com essa receita, Juliet Ayres faz de Perfect uma canção visceral, dramática, triste e, principalmente, estruturalmente minimalista em sua delicadeza rascante.
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