Às vezes faz falta algo que desperte um senso de conforto e aconchego a partir da incitação de lembranças agradáveis em meio à sua aura de leveza e despreocupação. E é exatamente isso o que o violão fornece já em seus primeiros sonares. Imbuído em uma delicadeza fresca, ele permite ao espectador se perceber rodeado por uma paisagem campestre que o embriaga pelo seu aroma natural e pela sua atmosfera de caráter intocado. Por meio de sua desenvoltura ondulante, o instrumento é, rapidamente, acompanhado por um vocal masculino de timbre doce e singelo. Vindo de Chris Fox, ele consiste em um grande elemento na difusão da tranquilidade e da fragilidade estética que entorpece o espectador. Minimalista em sua máxima essência, Tearing You Apart surpreende no momento em que a guitarra elétrica preenche o escopo melódico com a sua contribuição aveludada. Em sua breve aspereza de cunho folk, o instrumento é sincronicamente seguido pela frágil inserção percussiva do chocalho, que garante uma bem-vinda noção de movimento à composição.
Um som surdo e opaco surge como primeiro elemento a receber o ouvinte nessa nova paisagem que se anuncia. Tão delicada e fresca quanto a anterior, ela se destaca por mergulhar o espectador em um experimentalismo sonoro proporcionado pelo sonar ácido e psicodélico da distorção da guitarra, contrastando com o veludo já habitual do violão. É por meio dessa combinação de texturas que Echo In The Dark permite ao ouvinte ser capturado por um intrigante e súbito senso de melancolia. Nesse ínterim, a camada rítmica passa a ser preenchida pelos sonares graves e ocos vindos tanto do surdo quanto dos tons, dando à canção um caráter cru e ainda mais imerso na atmosfera campestre. Apresentando um Fox se aventurando por entre falsetes bem executados, Echo In The Dark ainda presenteia o ouvinte com um refrão de temática atraente em sua alegria tímida, mas perceptível, que o captura e o entretém.
Como uma assinatura de Chris Fox & The Beasts, a nova canção é puxada pelo violão, mas sob uma movimentação ligeiramente mais sensual. Acompanhado por uivos que ecoam pela atmosfera como lobos saudando a chegada do luar, esse elemento melódico dá a permissão para que a bateria também entre em cena e comece a desenhar o enredo rítmico. Ligeiramente rígida, essa linha, a qual dá ao ouvinte a chance de perceber um toque extra de movimento, propõe, também, uma transparente audição do baixo. Se movimentando na base melódica com um groove trotante e ligeiramente encorpado, ele é o responsável por entregar à Hew It Blows corpo e consistência sonora. Conforme vai atingindo seu refrão, inclusive, a canção acaba sendo agraciada por uma crescente harmônica que captura o espectador, ainda que seja embebida em uma sutileza sertaneja notável.
Existe algo bom no fato de que as três primeiras músicas do material se destaquem entre as demais. Afinal, elas mostram que Rubatosis foi construído com tamanha competência que dá ao ouvinte a chance de capturar toda a sua essência logo nos seus atos iniciais. Neles, não apenas o intimismo e o bucólico estão presentes, mas, também, a delicadeza e a melancolia. Uma tristeza fundida em nostalgia e gratidão pela convivência e pela história criada para com pessoas não mais existentes em um plano carnal. É a pura sensibilidade tangenciando o universo físico.
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Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/1e4MlhP95FU7kzK8l0XxIr