Seu despertar não demora um instante sequer em sua função de oferecer, ao ouvinte, um inebriante senso de frescor embebido em toques de melancolia. Ainda que extramente delicado na forma como traz a movimentação da guitarra com seu caráter intimista, a introdução é marcada por uma proposta, inicialmente indireta, de reflexão.
Rapidamente, porém, a obra atinge seu primeiro refrão sob uma cadência linear que assusta o ouvinte pela sua fluidez embriagante. É nesse momento que o escopo lírico começa a ser modelado por uma voz masculina de timbre doce, afinado e aveludado. Eis Chris Quesnel trazendo boa consistência por meio de um vocal de cunho levemente visceral em sua tomada de caráter sentimental.
Mantendo aquele frescor identificado nos momentos iniciais da elaboração sonora, a voz de Quesnel não apenas fornece o enredo verbal. Ela é capaz de estruturar, de maneira consistente e precisa, também o âmbito harmônico da obra. Junto ao baixo que se pronuncia oferecendo densidade à base melódica e à bateria que dá noção de movimento por meio de seu ritmo firme, esse ingrediente despeja tristeza, decepção e frustração na forma como interpreta as palavras proferidas com notável fragilidade.
Com essa conjuntura de ingredientes, Cherry Capstick leva o ouvinte de um pop rock de caráter intimista para uma paisagem ligeiramente explosiva que traz consigo, durante o refrão, uma atmosfera curiosa e contagiantemente disneyresca em sua arquitetura rítmico-melódica. É assim que Quesnel se sente livre para dialogar sobre suas experiências pessoais frente as complexidades dos relacionamentos.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/2kiMSBc5p9uzeW05XZtUYy
YouTube: https://www.youtube.com/@chrisquesnelmusic