Existe frescor e delicadeza. Contudo, nesse mesmo espaço sonoro-narrativo, existem também melancolia e introspecção. Por meio desses sensos ofertados pelo espectro rítmico-melódico que serve como introdução, a canção sugere uma paisagem monocromática em seu tom de cinza abraçada por uma chuva branda, mas que impede a entrada de luz natural.
No entanto, é curioso perceber a movimentação instrumental em suas mudanças de posicionamento. Por meio dessas alterações, o espectador pode sentir possibilidades reais de esperança e compaixão, ao mesmo tempo em que é agarrado a uma espécie de força interior que se evidencia de maneira gradativa.
Estruturalmente delicada, a canção, assim que entra em seu primeiro verso, passa a ter seu escopo lírico moldado por uma voz feminina adocicada em seu timbre suave, mas estagnado no limite da estridência. Curiosamente capaz de ter raspas de veludo reconfortantes, ele, vindo de Pam Ross, é despejado na música por uma interpretação introspectiva de caráter levemente entristecido.
De instrumental equilibrado, bom corpo melódico e tendo na guitarra um verdadeiro contraponto ao cenário amorfinante construído pelo excesso de dulçor sonoro, Kansas é uma faixa que retrata o caminho seguido pela personagem lírica rumo ao seu próprio processo de superação. E a superação, aqui, diz respeito ao encerramento do sofrimento perante experiências vivenciadas em um passado doloroso, enquanto se revela a necessidade de solitude para alcançar tal cura emocional em relação ao senso de desgosto.
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