O cenário é sombrio. Não existe luz natural penetrando por entre as paredes de pedra, mas as suas superfícies são, sensorialmente, úmidas e pegajosas. A vulnerabilidade e, consequentemente, a insegurança, andam de mãos dadas enquanto o imprevisível, o incerto e o desconhecido se tornam a máxima realidade a ser vivenciada. Não há sinal de proteção. É apenas uma questão de enfrentar os próprios medos, enquanto explora o inimaginável em busca de algum tipo de escapatória.
Esse cenário é fornecido de maneira pungente através do experimentalismo sonoro fornecido pelo Cracks In The Real durante o despertar de algo ainda enigmático. É interessante perceber, nesse ínterim, uma espécie de senso premonitório de um caos embrionário, mas pronto para explodir por entre a calmaria ludibriante.
Ainda que explorando camadas sonoras delicadas, mas de traços dissonantes de maneira a explorar uma espécie de desarmonia proposital na intenção de causar certo grau de desconforto, a nova roupagem atribuída à Burn é de uma melancolia intrigante. Conseguindo ser dramática mesmo através de sonoridades ousadas que beiram a vanguarda do experimentalismo, o feito do Cracks In The Real para com a canção é um verdadeiro estímulo no campo sensorial que transcende os limites da realidade consciente. É a permissão para uma espécie de profunda alucinação.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/21KyQQZDEkKkAO7stj5ouB
Instagram: Https://www.instagram.com/cracks_in_the_real