Um dedilhar de piano intenso, mas capaz de surtir em um efeito de brilhantismo, charme e vanguarda. Clássica em sua essência, a maneira como o instrumento se pronuncia é capaz, inclusive, de incitar embrionários sensos de drama na atmosfera. Surpreendentemente, após uma breve linha lírica, a canção passa a se ambientar em um cenário sonoro completamente diferente.
Explorando sons mais ásperos e de caráter até mesmo nauseante, o agora apresentado primeiro verso se apresenta sob uma estética musical mista por compreender rap, rock alternativo e traços de um avant-garde metal. Tudo graças à cadência lírica assumida pelos vocais protagonistas, pela afinação distorcida da guitarra e pelo compasso rítmico assumido pela bateria.
Conseguindo ser fluida, mas ao mesmo tempo rígida em sua performance, a canção é agraciada, ainda, por coros vocais guturais que rememoram aquela ambiência clássica que recebeu o ouvinte durante a introdução. Lembrando, esteticamente, a paisagem sonora experienciada pelo System Of A Down em Protect The Land, seu respectivo single, Jeremy, Utilitarian Sadboy tem capacidade de misturar sensualidade e torpor através de uma desenvoltura dramatúrgica quase esquizofrênica.
Como o primeiro sabor do cardápio que compõe Shadows Grow Fangs, o próximo EP do Ecce Shnak, com previsão de lançamento para o início de 2025, Jeremy, Utilitarian Sadboy é uma perfeita amostra da musicalidade e da versatilidade do grupo nova-iorquino. Um verdadeiro e surpreendente blend musical.
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