Ainda que exista uma introdução no formato como é difundida no mundo da música, a canção nasce com uma sonoridade já madura em sua proposta sensorial. Fresca, mas envolvida por um inebriante senso melancólico, ela combina maciez e torpor por meio de uma atmosfera penetrantemente introspectiva.
Delicada e com bom corpo melódico, la não demora em mostrar seus trunfos estéticos. Enquanto o ouvinte já se percebe na iminência de se perder por entre a sugestão introvertido-reflexiva da obra, um grito adocicadamente ácido, mas de pronúncia frágil, preenche a atmosfera por meio da gaita, instrumento que entrega excentricidade à narrativa sonora em desenvolvimento.
Dramática em certa medida, a canção, assim que entra em seu primeiro verso, recebe uma voz masculina de timbre agradavelmente grave que começa a dar vida ao enredo lírico. Sob uma postura encolhida, Free/Man consegue despejar sobre o ambiente generosas doses de torpor que, inclusive, são capazes de hipnotizar o espectador com suas contribuições frágeis.
Fluindo para um refrão que evidencia e arregimenta o seu caráter charmosamente emocional, Watchtower se matura como uma obra folk cuidadosamente crua cheia de menções harmônicas que vão da gaita ao sonar igualmente adocicado e ácido do hammond que preenche toda a paisagem durante seu ápice sonoro-narrativo. Uma faixa definitivamente tocante que faz com que o simples atinja uma beleza excêntrica e charmosa.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/7KMGl1PWpv1n9p26C4vG0T