É até de se impressionar. Afinal, a canção que abre o álbum já tem um início calcado em uma sonoridade que já se apresenta de forma madura. De essência dançante e de caráter digital, ela exorta uma naturalidade eletronicamente swingada aderida a um beat preciso que comunica a base no campo da house music. Claro que, conforme se desenvolve, a composição também vai exortando mais de suas características, o que faz o ouvinte perceber, também, a mistura da EDM em meio à sua receita sonora. Essencialmente dançante, Morpheus In The Club é como o ápice da noite no universo de uma balada, com o público dançando na pista e sem qualquer preocupação que não seja se divertir e se deixar levar pela energia da batida.
O início da presente composição ganha um destaque superior em relação àquele apresentado anteriormente. Até porque, aqui, o The New Citizen Kane embebe o espectador em um beat que, desde seu imediato despertar, reproduz uma essência orgânica, o que lhe garante uma sensualidade natural que, inclusive, traz consigo uma personalidade latina. Graças ao sonar percussivo que aparentemente parece introduzir digitalmente o som opaco do bongô, a canção garante para si um toque provocativo, mas sem, necessariamente, ser agraciado por um senso propriamente sexual. Recebendo o auxílio da agudez ácida da melodia eletrônica logo em seguida, Killer Charisma, como seu próprio nome sugere, apresenta uma personalidade sorridente e encantadora. Como se fosse a representação sonora de um indivíduo comunicativo e extrovertido que conquista a atenção do ouvinte com seu jeito descontraído e divertido, a canção é agraciada, ainda, por um verso lírico que a torna ainda mais contagiante. Graças ao timbre adocicado e levemente metálico do vocalista, o ouvinte consegue ter uma espécie de guia para lhe proporcionar experiências sensoriais que vão desde a lucidez ao êxtase do torpor.
Não é apenas o swing que chama a atenção. É uma espécie de groove digitalizado e sincopado que transpira da movimentação do teclado através de seu despertar. Entre repentes da soul music imergidos em uma paisagem new wave, a canção consegue fazer com que o ouvinte se perca em meio à libido fornecida sonoramente. O interessante em Heartburn é perceber que o escopo rítmico-melódico, junto com as linhas líricas, se configura como a primeira forte canção comercial do álbum. Misturando inclusive silhuetas funkeadas através de sua essência digital, a faixa, quanto mais se desenvolve, mais escancara a natureza hipnótica de sua letra.
É um álbum dançante. Quanto a isso, não existe dúvida ou o menor sinal de questionamento. Porém, é interessante perceber que, por mais que soe entretenimento puro focado nas pistas de dança, The Tales Of Morpheus traz uma profundidade que vai de seu escopo rítmico-melódico até mesmo ao lírico.
Com canções que caminham pelos terrenos da música eletrônica, como house music e EDM, o material consegue dar um caráter leve e divertido à atmosfera, uma estratégia válida para mascarar a natureza de suas composições. Afinal, o que o álbum de fato apresenta é um caminhar tênue entre sensos que beiram a agonia e a ansiedade, ao passo que se busca o máximo de autoconhecimento.
Ainda que perceptível em meio às suas primeiras três canções, The Tales Of Morpheus, com sua track list de 21 músicas, traz ainda títulos como Stupid Blue, com sua mistura ousada de blues, e North American Philosopher, com a reprodução do áudio de um monólogo reflexivo sobre a sociedade, outras faixas que merecem uma cuidadosa atenção por parte do ouvinte. Assim, o álbum se torna um material pertencente aos dois mundos: o da diversão e o do pensamento.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/5n0Xoy3bYLNaG0dnxsCMbN
Site Oficial: https://thenewcitizenkane.co.uk
Facebook: https://www.facebook.com/TheNewCitizenKane
Twitter: https://x.com/newcitizenkane
Soundcloud: https://soundcloud.com/thenewcitizenkane
YouTube: https://www.youtube.com/@TheNewCitizenKane
Instagram: https://www.instagram.com/thenewcitizenkane/
