Não demora nenhum instante para que o espectador já identifique a natureza synth-pop da composição. Porém, conforme se desenvolve, a faixa vai exortando uma nuance sonora sombria e curiosamente rascante que vai, gradativamente, conquistando a atenção do ouvinte pelo seu viés levemente noir.
Com o audacioso e até mesmo excêntrico auxílio da fusão estética entre a electro com a reverberação da distorção azeda da guitarra, aquilo que antes foi tido como sombrio vai adquirindo silhuetas góticas interessantes. Ainda que esse tom obscuro seja notado em toda a sua paisagem, o que salta aos ouvidos é um beat capaz de torná-la dançante e contagiante.
Por meio de um teclado cujas notas adocicadas assumem um caráter gutural, a canção passa a experienciar uma ambiência fantasmagórica que faz com que seus sabores rítmico-melódicos tenham uma essência diferenciada de tudo o que o espectador tenha anteriormente consumido. Dramática e com ligeiras referências estilísticas com The Cure, Necromantic, assim que tem seu enredo lírico vivo por meio da interpretação lírica entorpecente assumida pelo vocalista, escancara a história hipnotizante de um homem que é levado ao submundo através de uma aparição em um cemitério à meia-noite. Definitivamente, uma faixa marcante pelo seu domínio de storytelling e pelas suas diversas camadas sonoro-sensoriais.
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