Em Curitiba, Gorillaz mostra porque está a anos-luz de seu tempo

Se no final dos anos 90, Damon Albarn e Jamie Hewlett já viviam em 2022 quando formaram o Gorillaz, e eis que 2022 chegou e a banda continua anos-luz a frente de seu tempo. Aqui estamos nós na época em que o audiovisual reina vigorosamente, no exato momento que a vida virtual ganha força e palavras como avatar, metaverso fazem mais parte do nosso cotidiano do que gostaríamos.

Se tivesse nascido nos últimos anos, com certeza seria uma versão muito própria de NFT (não que ainda não possa mergulhar por aí). Mas a sacada genial continua com força plena e isso ficou evidente nas 10 mil pessoas que foram a Pedreira Paulo Leminski no que seria o prenúncio de uma das noites mais frias do ano, dia 18 de maio.

Na entrada, um público que misturava ansiedade e animação com muitos casacos e blusas de lã, ia chegando corajosamente aos poucos e consistia basicamente por grupos de amigos e famílias. Aliás, isso tem sido uma constante nos shows pós pandemia, e se antes os pais relutavam em deixar as crianças em casa, agora vai todo mundo curtir junto.

Ainda mais Gorillaz que extrapola o conceito artístico e vai além. Não é um show para curtir. É uma experiência completa que, em tempo, começou no horário, as 21h. Ainda que nos dez minutos anteriores todo mundo checasse o celular para saber se estava na hora de começar, no melhor estilo, “já chegamos?”, em que as crianças fazem a mesma pergunta a cada minuto, só aqui no caso eram os adultos mesmo.

Fotografia: Angela Missawa.

Mas Albarn e sua turma não deixaram a desejar e anunciaram com um sonoro “Olá” no telão em verde, em uma intro bem abrasileirada de M1A1. Há alguns pontos bem importantes que precisam ser ditos sobre o show. O primeiro deles é que obviamente a banda é audiovisual então muita coisa acontece ao mesmo tempo e o público tentava ficar ligado para não perder nada.

A segunda coisa que compromete um pouco a primeira é que a banda que está no palco (com pouco mais de 10 pessoas) faz um show de altíssima qualidade e que fez com que boa parte do público fechasse os olhos e dançasse muito.

Fotografia: Angela Missawa.

Qualquer que tenha sido a sua reação, foi extremamente justificável e não tem certo e errado aqui, muito menos no show do Gorillaz que convive bem com suas duas versões, ao menos 2D, Murdoc, Noodle e Russel não tem do que reclamar, independente de onde estejam.

Esqueça aqueles shows que se você não ficar na frente do palco não aproveita nada. Quem ficou distante pode aproveitar melhor os efeitos visuais, com as luzes e uma ajudinha do universo que pendurou uma lua cheia instagramável do lado direito do palco. E claro, somando-se ao charme cativo da Pedreira em que a natureza adorna o cenário e deixa tudo mais bonito. Mais frio também, nesse caso.

Fotografia: Angela Missawa (celular).

Sobre a temperatura que pegou todo mundo de surpresa, Damon brincou que Curitiba estava parecendo a Inglaterra em um dia de verão. Fora essa foram pouquíssimas intervenções que não fizeram falta nesse caso, porque ele sabe mesmo como se conectar com o público, inclusive fez duas incursões na plateia para ficar pertinho dos fãs.

Além da banda genial e do audiovisual impecável, Gorillaz contou também com algumas participações mais que especiais como Michelle Ndegwa em Kids With Guns, DE LA SOUL em Superfast Jellyfish e Feel Good, Bootie Brown em Dirty Harry e Stylo e SWEETIE IRIE no hit Clint Eastwood, que inclusive fechou a noite deixando aquele gostinho de quero mais para o público da Pedreira Paulo Leminski em Curitiba. E no telão Elton John e Bruce Willis completaram o time.

Fotografia: Angela Missawa.

Verdade seja dita, por conta da mistura de gêneros e da proposta em sair da caixinha, Gorillaz não é exatamente um som palatável a primeira ouvida e nem tem o desejo de ser. São camadas para serem despetaladas em poucos minutos e merecem diversos plays para absorver tudo o que eles colocam na panela. E para aqueles que tem coragem de se entregar é certamente um caminho sem volta.

Fotografia: Angela Missawa.

Ao mesmo tempo, se você é fã de um bom show deveria colocar eles na lista. O que eles entregam no palco é inestimável e te deixa digerindo por dias para entender que trem foi esse que passou por aqui. O checklist de sucesso é claro. Banda profissional que entrega tudo si? Temos. Audiovisual digno de cinema? Temos. Público empolgado que completa a obra? Temos.

Gorillaz Setlist Pedreira Paulo Leminski, Curitiba, Brazil, World Tour 2022

Esquentaram o público? Não porque era impossível, mas certamente deixaram memórias incríveis e várias caixinhas abertas. Seja pela genialidade em si ou pelo conjunto da obra, Gorillaz não é desse mundo mesmo.

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