Electric Mob volta para casa com o sucesso da Discharge Tour

Em uma capital qualquer, meio modernista e provinciana, quatro caras se reúnem para montar uma banda. Eles acreditam tanto no que fazem que investem tudo nisso. Com aquela esperança que se mistura ao brilho nos olhos e uma certeza de fazer aquilo que nasceu pra fazer.

Essa que poderia abrir qualquer introdução da história de muitas bandas famosas também faz parte do Electric Mob.

Os paranaenses tiveram que adiar a turnê Discharge por conta da pandemia, mas assim que as portas se abriram, Renan Zonta (vocals), Ben Hur Auwarter (guitarra), Yuri Elero (baixo) and André Leister (bateria), não pensaram duas vezes. Pegaram as malas, os instrumentos e se jogaram pelo país em uma turnê que surpreendeu a crítica musical por onde passou.

A capital paranaense recebeu os meninos com o friozinho tipicamente curitibano, num sábado, dia 28 de maio. O Jokers estava com todas as mesas lotadas e várias pessoas de pé, no começo da noite, enquanto as portas que davam para o show estavam fechadas. Conforma a hora ia passando, o burburinho se formava, até que o público finalmente entrou.

Abertura da noite com Landfall

Fotografia: Angela Missawa.

Landfall, curitibana, parceira no cast da gravadora Frontiers Music foi quem abriu a noite e aqueceu os motores com maestria. “Boa noite Curitiba. Finalmente estamos no palco.”, disse o vocalista Gui Oliver, acompanhado de Marcelo Gelbcke na guitarra, Thiago Forbeci no baixo e Felipe Souzza na bateria.

A banda veterana, que lançou “The Turning Point” em plena pandemia, encheu o local com seu público, tão cativo que fez alguns pedidos difíceis de não serem atendidos. Eles abriram com “No Way Out”, também “Across The Street”, “Taxi Driver”, “Janes Carousel”, entre outras.

Landfall Setlist Jokers Pub, Curitiba, Brazil 2022

E aproveitaram para tocar algumas do novo disco em primeira mão como “Two strangers” e “Waterfall”.

Nada da preferida da plateia que só parava de gritar “Distant Love” quando emendava um “Landfall” em alto e bom som. Em praticamente todos os intervalos possíveis. Estaria a banda contrariando o pedido tão emocionado do público fiel ou simplesmente deixando o melhor para o final?

Bem, o Gui Oliver até tentou explicar que essa não estava no repertório. Mas fã é fã, né? Não teve jeito. Assim, lá pela sétima música, “Distant Love” começou e eles, claro, foram ao delírio.

Fotografia: Angela Missawa.

Muito obrigado, Curitiba, obrigado a galera de São Paulo e de ‘Cascahell’, e algumas pessoas de Porto Alegre que vieram para cá”, agradeceu o vocalista.

“Sound Of The City” chegou e trouxe com ela uma versão mais introspectiva do público, que cantou junto, de olhos fechados. No canto direito, um moço de óculos cantarolava de olhos fechados, daquele jeito que a gente faz quando uma música toca, faz sentido, ressoa lá dentro.

Landfall subiu no palco confiando no público, mas sem saber o que esperar. Cheio de amor, mas sem saber se o público ressoaria igual. E ele não decepcionou. O público curitibano nunca decepciona.

Electric Mob e a volta para casa

Fotografia: Angela Missawa.

Era meia-noite quando os quatro integrantes passaram correndinho pelo público da área vip em direção ao palco.

Não foram só as bandas que se alternaram por trás das cortinas. O público que estava lá deu lugar para quem estava chegando, quase como uma dança das cadeiras. Quem estava sentado fazendo um happy hour foi para a pista de shows e quem estava por lá aproveitou para descansar um pouquinho.

Muito boa noite Curitiba. Nós somos o Electric Mob e o coro vai comer”, disse o vocalista. E comeu. A hora que se seguiu foi recheada de muita energia, peso, emoção, palmas e gritaria.

Uma coisa que fica muito clara quando as luzes se apagam é que Electric Mob é uma banda muito coesa. Como poucas. Isso se reflete nos principais pilares. Na movimentação perfeita de seus integrantes, que passam por entre si na mistura entre balé e fluxo de consciência. Palavras bem colocadas e uma verborragia incansável. Ou ainda, como eles mesmos dizem: “O lema é um pouco de droga, um pouco de salada, um pouco de grito e um pouco de groove”.

Fotografia: Angela Missawa.

No set list estavam “Black Tide”, “Gypsy Touch”, “King’s Ale”, “Higher Than Your Heels”, “brand new rope”, “We Are Wrong”, “your ghost”, “4 letters”, “Got Me Runnin’”, “Need to Rush”, “Far Off”, “Devil You Know”, “Upside Down”. E enfim chegou Curitiba. “Rapaziada é realmente muito foda estar aqui hoje. É o último show da nossa turnê. Era pra ter rolado dois anos atrás.”, disse Renan.

Electric Mob Setlist Jokers Pub, Curitiba, Brazil 2022

A coesão também fica evidente na música. Parece estranho dizer, mas a real dos fatos é que no ao vivo muitas bandas não se garantem (inclusive famosas). O tão temido “ao vivo” é a prova final de saber se tudo o que eles prometeram no disco estarão lá na hora do show. Com “Discharge” a promessa foi grande, e claro, fica a pergunta mais importante da noite: eles conseguiriam entregar tudo isso? Absolutamente.

Fato é que eles realmente ralaram muito para estar onde estão hoje. E isso se reflete diretamente no show. Uma banda de hits e uma diversidade musical (roqueira, claro!) admirável, que sabe muito bem se movimentar no palco e que se conecta com seu público. Não só com o deles, mas qualquer desavisado que estiver passando por ali, fica fã na mesma hora. Isso porque é impossível não se deixar levar pela energia e alegria que o Electric Mob passa durante o show.

Fotografia: Angela Missawa.

Mas nem tudo são flores e rojões. Às vezes a calmaria chega e com ela, a emoção. Assim foi com “your ghost”, dedicada “a todo mundo que a gente ama independente de onde estão”. E o vocalista não cantou sozinho essa, aliás, nenhuma delas, fato comprovado, porém essa aí encontrou eco em todos os ouvidos e ressoou em todas as bocas.

Vocês estão cantando pra caramba! Na real eu não perguntei só percebi. Vocês estão curtindo aí?”, perguntou Renan, e a plateia respondeu na hora. O quarteto ainda entregou um gostinho do que vem por aí com “4 letters”.

Fotografia: Angela Missawa.

Electric Mob é daqueles shows difíceis de descrever tamanho o carrossel de emoções. Ainda que um deles fiquem bem claros: felicidade por eles terem saído daqui para ganhar o mundo. E você, caro leitor, que ainda não viu eles ao vivo, aconselho fortemente a garantir os ingressos para o próximo show.

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