O músico, cantor e compositor australiano Arnab Sengupta chega ao seu terceiro disco cheio transbordando musicalidade e versatilidade. Intitulado “Leap Of Faith”, o álbum transita por diversos estilos, principalmente o jazz, soul, funk e blues, ganhando sempre um contorno pop, característica de Sengupta, que consegue adaptar uma sonoridade riquíssima em detalhes para um nicho de acessibilidade, podendo atingir diversos públicos.
Isso já fica evidente na primeira composição, “Face In The Crowd”, que abre o trabalho com maestria e funciona perfeitamente como um cartão de visitas. Nela, o músico tem a participação especial de Anshu Jha, cantora que é sua conterrânea, e também descendente de indianos. O dueto cai muito bem, com um trabalho vocal primoroso, e uma música que mescla bem o jazz e o soul, trazendo orquestra de metais e um baixo vibrante.
E por falar em baixo, o instrumento volta a intimar o ouvinte na ótima “This Way”, que é mais ‘discreta’, e ganha um ‘groove’ extra. A composição cresce com sua letra contestadora e ganha um refrão imponente. Já em “Alone But Not Lonely”, o soul pede passagem em uma música movida pela guitarra e sua base simples, dispensando a parte percussiva e soando praticamente à capela, com leves orquestrações de teclados.
A energia retoma no álbum na excepcional “Drudgery Train”, mas de uma forma surpreendente. Com um ritmo folk, a canção traz uma levada divertida, digna de musicais do teatro e cinema, com destaque para as bases do acordeão e seu ar rústico. Enquanto isso, mantendo esse ar cinematográfico, mas com ênfase no world music e rock progressivo, a faixa título emociona e mostra toda habilidade de Arnab na guitarra, com um solo impressionante que compõe praticamente toda a música.
A sofisticação ganha contornos musicais em “Perfect Line”, que é estruturada no piano e tem linhas de baixo potentes. A composição também mostra um alcance maior do vocal agudo de Sengupta, que tem um timbre bem característico, praticamente unissex. Apesar de aparecerem em quase todo o álbum, aqui os metais ganham força novamente, embelezando ainda mais o que já é muito belo.
Já entrando para o crepúsculo do disco, que em nenhum momento baixou a guarda, “Impermanence” mostra o lado erudito do artista, sendo conduzida por um piano clássico magistralmente e com uma melodia bela e levemente triste, encaminhando o ouvinte para um encerramento digno do trabalho.
Encerramento que tem como chave principal simplesmente uma música que nos remete ao início de “Leap Of Faith”, pois se trata de uma composição mais abrangente, enérgica e que também resume bem o disco. “Set In Stone” é um soul/jazz com guitarras ‘bulesísticas’ muito bem encaixadas, tendo como cereja do bolo uma seção rítmica precisa e cheia de ‘groove’, este último elemento essencial na proposta do trabalho como um todo.
Há de se ressaltar em “Leap Of Faith” a produção e timbragem requintadas do disco, com uma captação de som praticamente perfeita, onde se ouve todos os instrumentos com nitidez, além da organicidade do trabalho. Em “Leap Of Faith”, a sofisticação encontra o popular, e a boa música impera.
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