O leitor já deve estar se perguntando por que uma banda de Praga (República Tcheca) tem esse nome em japonês e ainda traz a temática voltada à cultura nipônica. Primeiro que um dos principais compositores da banda, o guitarrista Igor Prusa, é japonólogo e morou dez anos na terra do sol nascente (inclusive que culminou no hiato do Nantokanaru, onde este trabalho marca o retorno), sendo um grande estudioso e conhecedor da cultura de lá.
Na maior parte os temas englobam a cultura do Japão, sendo que a sonoridade do grupo carrega leves toques da música local, que podem passar até despercebidos. Fato é que o Nantokanaru é um grupo que traz um som moderno que engloba desde o rock alternativo, passando pelo modern e prog metal, besuntada por post-hardcore e post metal.
Pode parecer uma mescla inusitada, mas é mais comum que se imagina. Porém, o grupo a transforma em sua própria fórmula, sem se perder e criando uma identidade forte. Isso é gerado pelas melodias bem equilibradas, as quebradas e viradas típicas do prog e certa melancolia, que advém dos ‘posts’ de vida.
Trata-se de uma música rica e cheia de detalhes, mas acima de tudo que consegue cativar. Não se trata de algo simples, mas muito bem estruturado e direcionado, sendo de compreensão fácil. Isso tudo desenvolvido em três ótimas composições, que estão neste EP “Emotional Damage Wreckage”.
A primeira faixa, “Omatsuri” já chama atenção não só pela sonoridade surpreendente, mas por ser cantada em japonês. Porém, o foco está na emotiva faixa título, que inclusive ganhou um videoclipe de ótimo bom gosto e fotografia. A música, resume a sonoridade da banda, onde o peso e a suavidade se contrastam, desde o instrumental até as linhas vocais versáteis (ora limpas, ora gritadas), e ainda traz uma letra inteligente, onde reflete sobre o desânimo de um indivíduo emocionalmente dilacerado diante da solidão na selva urbana de Tóquio. Ou seja, é praticamente uma ‘autobio’ de Igor enquanto esteve no Japão.
Mas, não deixe de conferir também a excelente e mais sombria “In The Light”, que fecha o disco com um clima todo atmosférico e sintetizadores que emulam uma orquestra. O refrão em forma de coral é a cereja do bolo! Que trabalho excelente!
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