Tivemos a oportunidade de conversar com a banda americana, The Disarmed, formada por Bobby Kooiman, Morgan Harris, Doug Hair e Zach Dresch, grandes parceiros e apaixonados por rock and roll. Um bate-papo super espontâneo, sobre as mudanças no estilo grunge e as músicas do recente álbum “What we leave”. Aproveite a leitura e divirta-se com The Disarmed.
BK – Bobby Kooiman MH – Morgan Harris DH – Doug Hair
1)Em primeiro lugar, parabéns, o álbum está super bacana. As referências são bem claras, vemos muito da alma do Alice in Chains e isso agrada bastante. Durante a construção do álbum vocês perceberam alguma necessidade de adaptar (para os dias atuais) a linguagem melódica por conta do fator tempo? Afinal o grunge é um movimento musical dos anos 90 e estamos em 2022.
MH – É um estilo de rock muito antigo com certeza, mas parece aquele que todo mundo leva de hoje em dia. Também pode ser menos tímido ao emprestar influência na minha opinião. Eu diria que não mudamos nada propositalmente para adaptar o som, mas apenas como todo mundo tendo suas impressões digitais e sua própria abordagem separada em cada música, isso fez com que o resultado final soasse um pouco mais fresco.
DH – Costumávamos passar muito tempo falando sobre o que soava 90 e sujo – quando estávamos trabalhando em nosso primeiro álbum, ‘Human’. Na maioria das vezes não soava sujo, então espero que tenhamos alcançado o som dos anos 90 nesse disco, haha. Com o passar do tempo, passamos cada vez menos tempo falando sobre fazer as coisas soarem como grunge ou como os anos 90 e apenas fomos com o que gostávamos. Todos nós temos uma rede bastante ampla de preferências musicais, mas o meio do diagrama de Venn da nossa banda são coisas grunge como Alice In Chains e Smashing Pumpkins (grito para a música ‘Disarm’), então acho que isso naturalmente guia um pouco nossa mão.
2)Existe uma mudança no modo “grunge” de se compor músicas (mais ou menos: sentimentais/sarcásticas) ou o gênero ainda é o mesmo?
BK – Eu diria que o gênero mudou muito. Eu não acho que há muitas pessoas tentando criar grunge mais ativamente (para não dizer que estamos apenas tentando fazer grunge também!). O que ficou conosco quando se trata de grunge é que você precisa de algumas partes sujas no álbum e uma mistura de vocais melódicos e corajosos. Jogue isso em um formato mais moderno com alguns outros sabores (hard rock, metal, rock alternativo, etc) e é isso que faz o nosso som.
MH – Eu acho que o grunge chegou ao ponto de ser repetitivo só porque todo mundo queria soar como pesos pesados. Mas o gênero ainda tinha tanto que poderia ter sido feito e explorado e eu adoro a ideia de ver o que mais pode ser feito com ele.
DH – Eu também acho que a coisa pós-grunge afastou muita gente. Como todo mundo odeia Creed e Nickelback, ninguém quer realmente seguir esse caminho – o caminho mais pop e polido. Eu acho que o que fez o grunge diferente do pós-grunge muitas vezes foi o peso e a escuridão. Músicas sobre depressão, vício e suicídio, juntamente com os instrumentais mais retorcidos, conquistaram um público mais cult do que o material pós-grunge com um som mais produzido em massa e letras sobre garotas, festas e sexo.
3)Para a Banda, o que não pode faltar de jeito nenhum nas melodias? Uma boa guitarra, uma bateria pesada….
BK – Para mim, sempre precisa de alguns bons riffs na guitarra, essa doce faixa de baixo tem vida própria, um ritmo de condução que você pode sincronizar e alguns vocais variados. Eu sou mais exigente quanto aos vocais. Não sou fã de cantores que ficam no mesmo estilo ou sabor por muito tempo. Eu nunca quero que o ouvinte se canse de um determinado estilo e acho que o movimento de uma música é melhor complementado por uma variedade de estilos vocais.
MH – Vindo de um guitarrista, a bateria totalmente faz ou quebra a música. Se você ouvisse a música sem baixo, poderia dizer que algo estava faltando, mas poderia continuar. Nenhuma guitarra pareceria uma abordagem única, mas a música ainda mataria. Você quer que uma música realmente te dê um empurrão… tem que ser a bateria.
4)“What we leave” tem uma faixa preferida? Todas são excelentes, mas sempre tem a preferida!! (Aquela em que todos disseram, uau! que bacana ficou essa faixa! Que deu mais prazer em ouvir depois de pronta.)
DH – ‘Fear Of Fading Away’ é a favorita de pelo menos alguns de nós. Também está tendo uma boa recepção nos serviços de streaming, quebrando recentemente 30 mil streams. Sabíamos que ele tinha ótimas pernas como single, mas infelizmente ficou sem tempo para lançá-lo como single antes do lançamento do álbum.
BK – É também a música mais antiga do álbum, escrita antes do COVID.
DH – Sim, e três formações atrás!
MH – Eu diria que minha favorita é ‘Idle Hands’, que foi nossa primeira música a não apenas quebrar a marca de >1000 no Spotify, mas rapidamente se tornou nossa primeira música a atingir mais de 10.000.
5) A faixa 4-Fake é uma das minhas preferidas. É mais pesada e muda o ritmo algumas vezes. Qual é a história desta composição? Curiosidades e como casou com a melodia.
BK – ‘Fake’ é um tributo grunge com certeza, especificamente Alice In Chains. A progressão de acordes no verso me lembrou muito de Chains quando eu a criei. O que eu mais gosto nessa música é que ela tem esse desconforto nas mudanças de ritmo. A primeira vez no verso, pré-refrão e refrão parece um pouco estranho. No entanto, uma vez que a música bate de volta no verso, a familiaridade retorna e nas jogadas subsequentes o desconforto de um ritmo estranho desaparece. Faz a primeira audição através de uma experiência única. Melodicamente, eu não pude deixar de usar os vocais que eu senti que Layne faria e você não pode ter essa música sem uma ajuda pesada de coragem desagradável.
DH – Eu amo que o baixo faça aquele pequeno riff rastejante nos pré-refrãos. Até onde posso pensar, esse tipo de som é novo em nosso catálogo. E aquelas harmonias de guitarra do Slayer-meets-Chains no segundo verso são demais. Ah, e a introdução do sintetizador para construir essa tensão também é um grande destaque para mim.
6)As letras têm inspiração no cotidiano da banda? Tem alguma história (inspiração) curiosa por trás de alguma composição?
BK – As letras são inspiradas em pensamentos que tenho sobre a sociedade e a vida como a conheço. Algumas músicas como ‘Rest Easy’ são tiradas literalmente da minha vida, enquanto outras músicas como ‘Moment In Time’ ou ‘Fake’ são mais conselhos tirados de minhas próprias armadilhas na vida. Basicamente, quando se trata disso, penso em coisas que quero compartilhar com o mundo que podem sobreviver a mim e esse é o espírito do que ‘What We Leave’ deve ser.
7) “What we leave” deixa uma mensagem para as pessoas. É possível reunir em uma frase a mensagem que o álbum quer passar?
BK – Persevere em usar sua singularidade, independentemente da oposição do mundo, e ame-se o suficiente para aproveitar ao máximo essa chance da vida.
8) A banda amadureceu de um álbum para o outro. Então é natural que algumas mudanças aconteçam, na letra, no ritmo. Mas o que não muda de jeito nenhum, para a “The Disarmed”?
MH – A paixão pela música. Você olha para trás no primeiro álbum e pode encontrar tantos momentos de performance crua apaixonada e emocional. O mesmo vale para Another Fleeting Reason. E continuou com todas as músicas que escrevemos e todos os álbuns que são montados.
BK – Acho que os ritmos de condução e a forte dinâmica sempre foram o nosso pão com manteiga. Tentamos levar o ouvinte a uma viagem curta e permanecemos imprevisíveis. A cada álbum que lançamos, tentamos ter muita variedade para uma experiência única e acho que as pessoas podem encontrar uma música para qualquer tipo de dia em um de nossos álbuns.
9) Vocês se consideram grandes “rebeldes”, ainda?
MH – Desde o berço baby!
10) Quais são os planos para o próximo álbum?
DH – Há ideias em que alguns de nós temos trabalhado. Temos um que está praticamente pronto para gravar. Vamos ver o que mais inventamos!
BK – Com Morgan na mistura agora acho que nosso próximo lote de músicas será ainda mais forte. Mal podemos esperar para compartilhar essa outra faixa, mas quanto ao resto vamos ver onde a inspiração nos leva!
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