Ela é regida por um início gradativo. Um início que, sem demora, já consegue construir, no ambiente, uma energia capaz de emanar frescor em meio a uma textura branda embrionariamente hipnotizante. Capaz de fornecer generosas doses de torpor através de sua sonoridade adocicadamente sintética, a obra, felizmente, tem na voz grave de AJ La Joya o elemento que oferece um contraponto de lucidez. Outro ponto que auxilia nesse processo de transição entre consciência e alucinação é o fato de que as linhas líricas por ele desenvolvidas estão imersas no campo estético do rap. Com um andamento sincopado e ritmo sincopado, Ampiano Dreamz (Freestyle) é uma canção que se destaca por, especialmente em seu âmbito rítmico, fornecer uma interessante dosagem sensual através de sua imersão na paisagem do reggaeton.
Nesse novo cenário, como uma proposta de dar continuidade à experimentação de musicalidade, o La Joya faz com que o ouvinte entre em contato direto com a sensualidade aveludada do reggae, percepção obtida graças à forma como a guitarra se desenvolve. Fresca e delicada em sua essência, What The Hell mantém o viés percussivo latino de maneira a salientar a musicalidade nata do vocalista. Sob um timbre ousadamente mais ácido, o que permite a percepção de uma quebra no senso de torpor, a faixa é um produto contagiante desde a forma como o enredo lírico é construído à sua melodia.
Nascendo de maneira macia e aromática, mas marcada por uma essência hipnótica e entorpecente, a faixa é a primeira a apresentar o vocalista se enveredando por um campo sonoro-energético mais suave e aromático graças à sonoridade sintética produzida pelo sintetizador. Agraciada por um beat de caráter latino, algo que, aqui, se evidencia de maneira definitiva como uma marca da sonoridade do La Joya, Gaslight é uma canção que instiga, curiosamente, uma dança movida pelas ondas e pela maciez com que as marolas moldam a superfície do mar.
De maneira mais centrada, They Gon’ Move já traz, desde seu início, uma paisagem musical mais madura em sua proposta. Uma vez que em músicas como Amapiano Dreamz o rap se apresenta apenas como um ingrediente a mais na receita sonora, aqui ele se mostra a base da construção de todo o alicerce da obra. Percebido não apenas na cadência lírica, mas também na maneira como o beat se constrói, tal gênero dá à canção uma maleabilidade mais urbana, mas ainda mantém a sua essência macia, fresca e branda. Com ela, o vocalista não apenas exorta certo grau de liberdade e independência, mas faz valer a sua própria essência como indivíduo.
Xanadu pode ser entendido como um álbum de caráter experimental. Por mais que o rap seja o estilo que mais se destaque em meio à sua narrativa sonoro-lírica, existem nuances de texturas que se afastam levemente desse espectro. O senso de veludo e a natureza cheia de hipnotismos e torpores de alguns de seus títulos fazem do material algo, de certa forma, excêntrico e, principalmente, autêntico.
Em meio à sua track list de 13 faixas, suas três primeiras merecem maior destaque por encapsularem de forma mais visível suas essências anteriormente pontuada. Claro que não cabe apenas a elas a definição do álbum como um todo, mas elas, de fato, são diferentes das demais. Ainda assim, o ouvinte deve se atentar a outras composições, como a doce e sensual Prove You Wrong, além da reggae melancólica Lost In Reverie.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/7bHI0LfMH24019lcuEkIkx
Facebook: https://www.facebook.com/ajlajoyaofficial
Twitter: https://twitter.com/ajlajoya
Soundcloud: https://soundcloud.com/ajlajoya
YouTube: https://www.youtube.com/channel/UCneO7FzvRbdBhOgj6XXSz9Q
Instagram: https://www.instagram.com/ajlajoya/
Tik Tok: https://www.tiktok.com/@ajlajoya
Site Oficial: https://ajlajoya.com/