Ela começa com um rítmico percussivo dominado pelo característico sonar do agogô de forma a soar tal como a forest, uma vertente da música eletrônica. Ao mesmo tempo, a partido swing criado pela entrada do baixo em seu groove encorpado, a canção, já durante o trecho introdutório, também comunica um forte flerte com a temática estética do drum n’ bass.
Se transformando em uma música dançante em meio ao seu clima tropical latente, a canção rapidamente ganha outro toque sonoro com a entrada do timbre adocicado de toques ácidos de ary:eh. Com ele, a obra não apenas arregimenta seu tropicalismo, mas passa a transpirar um clima interessante de festa, de interação social, de coletividade.
Curiosamente, portanto, transpirando uma ambiência carnavalesca, AMO, o cover de ary:eh para Piloto, single de Flora Matos, sai completamente de seu escopo originalmente pop e mergulha profunda e intensamente na seara da música eletrônica. Assim, ela não se torna apenas mais convidativa. Ela se torna organicamente dançante, sensual e, inclusive, percussiva.
A única coisa que salta aos ouvidos como algo bruscamente diferente da versão original é o tom de voz dos cantores. Enquanto Flora Matos possui um timbre grave e forte, ari:eh possui um vocal agridoce, delicado e de caráter suave. Ainda assim, a releitura parece ter mais apelo festivo que a obra-mãe.
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