A acidez estridente já comunica uma imersão no campo da música eletrônica. Surpreendentemente, porém, o que serve de elo entre melodia e ouvinte não é uma voz de timbre metálico e editado, mas, sim, um vocal puramente orgânico. De toques suaves e levemente adocicados, a essência do tom de Belle Vex acompanha o ouvinte por um lyric vídeo que vai se construindo a partir da divulgação, por escrito, dos versos líricos.
Com o auxílio de emojis para ilustrar aquilo que está sendo cantado, a construção visual ganha movimento conforme a própria música assume mais fluência em sua melodia. Na forma de uma house music, Nobody, But Me gradativamente se apresenta como um produto dançante e propositadamente contagiante, para não dizer fútil.
Trazendo imagens reflexivas que incitam a interpretação de um vitimismo da manipulação midiática, o vídeo acaba por destacar a principal mensagem proposta por Belle Vex com sua nova obra: a desmistificação da boa vida do músico e/ou artista, bem como a demonstração daquilo que o indivíduo é submetido se o desejo é ser propagandeado a níveis globais.
Não à toa que a essência do enredo de Nobody, But Me é a apresentação de um personagem lutando para manter a sua própria essência no trabalho de composição e apresentação. Tal constatação é salientada, sobretudo, pelo verso “I’m not a puppet, not some ‘thing on a string’”. Uma obra crítica que tenta, simplesmente, persistir em transpirar, no trabalho tão sonhado, quem de fato o artista é.
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