Seu início vem repleto de delicadeza e dulçor com notas de frescor. Regido a partir do protagonismo absoluto do piano, ele traz consigo uma suavidade curiosamente melancólica, algo que é continuado, mesmo em menor grau, durante o primeiro verso. Com o auxílio da bateria de levada interessantemente branda e de um baixo de groove encorpado, tal recorte da canção é banhado por um agradável swing que abraça a voz de timbre agudo, mas firme, de Nelda. Evidenciando suas bases líricas R&Bs, a cantora vai fazendo com que Everything Is Scary vá destacando silhuetas curiosamente jazz que a tornam bela e singular. Com essa estruturação, a faixa é capaz de, ainda, favorecer uma interpretação lírica ligeiramente angustiada e apresentar backing vocals que ampliam, mesmo que momentaneamente, sua harmonia.
Fazendo o ouvinte se sentir em um pub de Nova Orleans na década de 1920, a faixa-título apresenta a arquitetura do puro jazz. Explorando seus altos alcances vocais, enquanto tangencia a estridência, Nelda, na presente faixa, faz o ouvinte se perder por entre uma inebriante sensualidade fornecida pelo piano. Enquanto isso, a harmonia vai se tornando linear e curiosamente nauseante, mas ainda incapaz de tirar o brilho estético da melodia. Sob essa estética, a faixa-título, como seu próprio nome sugere, apresenta um indivíduo vivendo em conflito entre dois mundos diferentes.
Com ligeiras e agradáveis fusões do lo-fi através da maneira como a bateria, aqui, se apresenta, a canção vai destacando um senso de embriaguez irresistível graças, principalmente, aos cantos vocálicos ondulantes e sobrepostos trazidos por Nelda. Trazendo a bateria como o elemento de destaque, o qual, além de vir com uma levada quebrada e de golpes precisos, também é capaz de incutir ligeiras noções de sensualidade, Not A Bad Thing é uma canção de estética valsante. Ainda assim, é curioso ver como ela traz, a partir do lirismo, traz certo grau de imponência, enquanto o personagem tenta provar não ter corrompido, ou simplesmente transformado, sua essência com o passar do tempo.
Sua delicadeza amanhece diferenciada das demais. Mais calma e denotativamente mais frágil, a melodia desenhada pelo piano em companhia com o corpo sonoro do baixo traz consigo um curioso aroma romântico e sensual ao cenário ainda enigmático. Com direito a súbitas entradas de uma guitarra distorcida em riffs agudos de textura rasgada a ponto de fazer crescer a harmonia, Heartache se mostra uma obra dramática. Bem trabalhada e de caráter ligeiramente épico, a faixa tem um quê visceral, enquanto explora, inclusive, o blues através da cadência lírica introduzida por Nelda.
Ele é um material que pode ser chamado de clássico. Isso porque ele bebe da fonte do mais tradicional formato de jazz. Bem estruturado e trabalhado, o material transita livre e consistentemente entre o veludo, o dulçor, o áspero, o drama e o lancinante com grande versatilidade. Apresentando uma cantora de voz aguda, mas firme, a qual ainda evidencia suas escolas líricas blues, o álbum tem frescor e sensualidade a ponto de embriagar o ouvinte com sua maturidade estrutural. E esses detalhes já podem ser muito bem observados no decorrer das quatro primeiras faixas do disco.
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