Existe uma espécie de veludo entorpecente pairando pelo ar através de uma postura hipnoticamente ondulante. Enquanto o sonar que permite a percepção dessas texturas se desenvolve a ponto de envolver o ouvinte em uma ternura densamente aconchegante, a canção acaba convidando a audiência para uma evolução em sua estrutura.
Assim que as linhas líricas começam a ganhar vida por meio do timbre agridoce delicado do vocalista, a composição vai sendo agraciada por um andamento percussivo suave, mas, ainda assim, capaz de se pronunciar de forma pulsante. Dando à canção uma boa noção de fluidez, esse mesmo contorno percussivo sugere um generoso flerte para com a roupagem do rap.
Ainda que isso de fato aconteça, a cama melódico-sintética produzida pelo sintetizador dá ao ambiente uma essência inebriantemente atmosférica. Tal constatação faz com que a experiência sensorial do público seja muito mais relacionada a um campo transcendental e alucinógeno do que algo especificamente consciente.
Delicada e com sutis menções de sensualidade, Butterflies, através de suas breves incursões souls com interação com o pop, traz consigo um enredo que promove uma assombrosa reflexão sobre amor, traição e superação. Tudo sob uma tomada encantadoramente entorpecente que, ao menos por curtos instantes, consegue estancar o sofrimento e fornecer súbitos de bem-estar.
Mais informações:
Spotify: https://open.spotify.com/intl-fr/artist/0T5S2f6DGFpJAGavX5TSLh
YouTube: https://youtu.be/cntrwLJrJUE
Instagram: https://www.instagram.com/ltb.music/