A afinação das notas do piano, junto com o sonar do estalar de dedos, dá à introdução uma atmosfera ligeiramente assombrosa cujas silhuetas muito possuem referência em The Addams Family, icônica obra do cartunista estadunidense Charles Addams. Com essa verve, o amanhecer da canção não demora a receber as primeiras linhas líricas.
Inseridas por uma voz de timbre adocicadamente agudo, mas não estridente, vinda de Sunset Salore, elas, na forma como são pronunciadas, conseguem dar ao caráter melódico medonho brisas gélidas que fazem aumentar a tensão. Graças à base sonora desenhada por um teclado de notas entorpecidamente lineares, a melodia consegue amadurecer sua coesão de suspense.
Imbuída em uma espécie de linearidade melódica que apenas vai sendo executada por diferentes instrumentos, o que, curiosa e felizmente, consegue aumentar, mesmo que de maneira sutil, a harmonia, Call It mergulha em um refrão surpreendentemente contagiante. Macio, atraente e swingado, ele rompe com a noturnidade excessiva e dá à canção respiros de suavidade como uma forma de aliviar o temor estrutura.
Com essa atmosfera, Sunset Salore oferece ao ouvinte um lirismo que o ensina a identificar os momentos de basta, os limites das situações a partir do momento em que ficam desgastantes. Apesar de, no presente enredo, tratar exclusivamente no âmbito do relacionamento, esse ensinamento serve e deve ser usado em qualquer situação em que a sensação de menosprezo e desvalorização recaia sobre o indivíduo. É por isso que Sunset destaca a importância da autovalorização. Afinal, é ela que vai deixar claro a força que existe dentro de cada um a partir da exigência do respeito.
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