O que puxa a introdução é uma sonoridade aveludada em seu aspecto sintético. Macia em sua essência, ela é capaz de embriagar o ouvinte por meio de uma atmosfera que, gradativamente, vai se evidenciando com uma aparência crepuscular hipnotizante. Assim que uma voz é ouvida ao fundo ganhando gradativo espaço por entre as camadas sonoras, a obra começa a se encaminhar para o seu primeiro verso.
Nesse momento, uma voz masculina de timbre agridoce entra em cena imbuída no efeito do autotune. Por meio dele, Jerard Rice se pronuncia com uma cadência lírica rappeada, mas sem qualquer menção de brutalidade. Afinal, a maneira com que se coloca fornece um surpreendente senso de delicadeza quando referido ao espectro da música rap.
Com um beat de chimbais ligeiramente sincopados, a canção chama a atenção pela sua base melódica sintética curiosamente de senso esotérico que abraça o ouvinte quase que de maneira terna. Sem a necessidade abusiva de subgraves para conferir mais pressão ao aspecto rítmico, a música chama a atenção, inclusive, pelo seu enredo lírico e pela mensagem que, com ele, espalha.
Em C’est La Vie, Rice apresenta um diálogo de caráter reflexivo que evidencia a vida muito mais do que um relacionamento romântico, mas, sim, períodos de interações românticas. Por meio desse ponto de vista, a faixa expressa um momento em que se espera que tenhamos concluído certas lições e reconhecido quem é a pessoa ideal para nós. Uma verdadeira reflexão sobre o amor, sobre a sinceridade e sobre reciprocidade.
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