Apenas por meio da união entre guitarra e voz, a introdução já consegue comunicar uma ambiência solar, fresca e, acima de tudo, contagiante. Assim que o baixo assume seu posto por meio de um sonar semelhante ao de um relâmpago encorpado, a canção passa a comunicar um viés amaciado e swingado sob a forma de reggae. Ainda que exista, também, a presença da bateria entregando consistência à sua base rítmica, Smile (No Fox Gibbon) tem, em si, uma estrutura interessantemente minimalista. Sendo possível de identificar até mesmo notas de um dulçor ácido inserido pelo teclado, a canção explode em um refrão denotativamente aveludado e cativante que firma seu enredo que estimula o ouvinte a expor os sentimentos, sem medo dos julgamentos, como uma forma de garantir certo grau de independência e, sobretudo, liberdade e leveza.
Seguindo a mesma receita do despertar da canção anterior, a nova introdução vem calcada na união entre voz e guitarra. Porém, aqui, a base reggaeada é rapidamente preenchida pelos sonares do surdo da bateria, o qual oferta diferentes texturas em meio a leve acidez do instrumento de corda já presente. Explodindo em um refrão fresco e delicadamente enérgico em que é possível dar ainda mais atenção à contribuição do baixo por meio de seus rebolares sem o intuito de serem provocantes, Pretty é uma canção em que o Chandra critica o conceito de beleza impecável e busca instigar, em todas as ouvintes, a assumição de uma autoconfiança e um autoamor suficientes para fazê-las perceber que o bonito não está nos filtros ou na maquiagem. O belo está na própria essência. Na aparência crua, tal como ela é. Sem dúvida, um grande single motivacional de Lifted.
O baixo é o elemento que puxa a introdução. Em meio ao seu groove grave e de protagonismo curto, mas marcante, o instrumento consegue incitar certo grau de tensão, o qual é ligeiramente amplificado com a entrada da bateria por entre seus golpes fortes e precisos nos tons. Agraciada por uma subdivisão introdutória, I’ll Be There se torna sexy e até mesmo perigosa por meio da forma como a guitarra se apresenta. De base suja, a canção, assim que encontra seu primeiro verso, passa a comunicar uma surpreendente imersão no campo do hard rock. Ainda que isso de fato ocorra, I’ll Be There retoma seu blend de indie rock e rock alternativo ao acessar o refrão, momento em que seu enredo lírico evidencia, de forma clara, seu instigar a romper o caos das consequências financeiras causadas pelo capitalismo. Readquirir o senso de união, a compaixão e o altruísmo são fatores que auxiliam na cicatrização das feridas de uma sociedade já entorpecida em sua dor, mas é o amor, como trazido em I’ll Be There, que é o principal remédio para tal situação.
Lifted, sem delongas, é um EP que surpreende. Surpreende em fundir estéticas rítmico-melódicas agradáveis e acessíveis com letras que, de fato, dizem algo. Surpreende por apresentar sonoridades equilibradas e músicos conscientes do som que querem construir. Surpreende pela maturidade e pelo trabalho técnico.
Motivacional em sua essência, mas sem esconder seu viés fresco e macio, Lifted é capaz de, já em suas primeiras três canções, mostrar todo o potencial por trás do Chandra. Um Ep que, inicialmente, soa comum, mas que vai tomando caminhos heterogêneos até se firmar como uma aula de sociabilidade e equilíbrio entre leveza e swing.
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