Seu início já vem delicado no sentido mais estrito da palavra. Suave, sereno e fresco com notas de melancolia, ele traz uma espécie de veludo que conforta o espectador em meio a um princípio de tristeza. E a união do sobrevoo dos violinos com as notas tilintantes e graves do piano apenas vem amplificar esse processo. Eis então que uma voz de timbre agudo e ligeiramente rouco entra em cena completando o inicial escopo melódico. É Emma Grace, nos seus primeiros versos verbais, já trazendo frases de impacto, a exemplo de “I’m so scared of adulthood, but I know it’ll be fun!”. De maneira tocante e, de certa forma, visceral, Emma, na faixa-título, dialoga sobre a forma como o tempo, a seu ver, passou rápido de repente, e também sobre o medo tanto de crescer quanto do não saber onde a vida pode a levar.
O violão surge solitário e ondulante em sua inicial linearidade melódica ecoando no vazio. Rapidamente, Emma surge com uma interpretação mais intimista em relação àquela da canção anterior e com noções mais sentimentais. Oferecendo uma interpretação mais crua, enquanto, ao mesmo tempo, explora os falsetes e seus tons mais graves, a cantora faz Second Doubts, com seu minimalismo estético, desembocar em um refrão dramático e visceral. É aqui que existe o ápice da insegurança e de uma guerra travada entre o desejo e o medo.
No novo ambiente, existe a exploração de texturas diferentes das apresentadas até então. Afinal, a união entre a suavidade da guitarra com a maciez do beat causa uma embrionária alegria que chega a contaminar o ambiente ainda em processo de desenvolvimento. Com uma tomada curiosamente folkeada a ponto de fazer o ouvinte sentir o calor do Sol no ápice do dia em um deserto, de forma a fazer escorrer uma gotícula de suor pela lateral da face, a estrutura rítmico-melódica de Stupid tem certo e interessante grau de contágio. Capaz de fazer o ouvinte perceber até mesmo flertes com a estética reggae, a presente canção se apresenta como a primeira obra mercadologicamente forte de Changing.
Desde a introdução, a melodia de Dying With The Roses é estruturada em um minimalismo tamanho que se assemelha àquele da faixa-título. Interessantemente, porém, é o fato de que o grau de visceralidade impresso por Emma não traduz apenas a agonia sentida por ela, ou mesmo o medo. Ele representa o cansaço sentido por ela em virtude do desejo e das tentativas vãs de ser ouvida e de poder oferecer o que se espera dela.
Changing não é só um material que representa os medos e os anseios de jovens no processo de travarem o primeiro contato com a vida adulta. É um álbum que expõe a fragilidade do jovem, seus conflitos internos, seus dilemas. Um produto que, acima de tudo, apresenta uma cantora de timbre surpreendentemente forte e consistente capaz de dar voz às suas próprias aflições.
É fato que o álbum tem um total de 10 faixas. Porém, em suas três primeiras obras, a cantora já conseguiu mostrar importantes temáticas abordadas, como amadurecimento, amor e autovalorização. Além disso, por entre essas faixas, Emma foi honesta com suas influências, as quais, inquestionavelmente, recaem, principalmente, no nome de Billie Eilish, mas também há menções de K.Flay em seu estilo de composição e temática.
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