O jazz é um gênero que sempre suscitou um respiro renovatório incrível em sua cena. Talentos sempre aparecem e mesmo com tantas lendas que o estilo já produziu, conseguem nos surpreender. Esse é o caso do excepcional álbum “Mauve”, do norueguês Christer Fredriksen. A subversão do estilo fusion para um olhar absolutamente particular e contemporâneo, impressiona mediante cada faixa degustada.
A estrutura ambient serve como um grande arremedo para todas as incisões que vão sinergeticamente brotando e nos surpreendendo em um nível de profundidade absurdo… Seu trabalho consiste na sutileza e destila introspecção, mas passa distante do que entendemos como cool jazz. O nível de contemporaneidade que elementos sonoros de influências das mais díspares, juntamente com vinhetas de rara criatividade, impressionam, e MUITO!
O tom de absoluta viagem sensorial nessa jornada instrumental, pode muito bem contribuir para fazermos uma conexão com áureos momentos do rock progressivo (“The Organizer” que o diga!), principalmente aquelas longas suítes de estrutura conceitual. Também nos remete a trilha-sonora dos grandes clássicos da ficção-científica (“Horseman” é um grande exemplo desse sentimento). A quantidade de efeitos e possibilidades que surgem gradativamente e sem pressa, onde o prazer em degustarmos cada elemento imposto, é um exercício sublime. Nada é descartável nessa experiência. Belíssimas melodias são destiladas aos “borbotões”! Vale destacar que todas essas nuances são percebidas mediante o excepcional trabalho de produção, realmente é um grande mediador para o espetáculo que somos submetidos. Não apenas um dos grandes trabalhos do ano, mas pode constar DESDE JÁ na galeria de clássicos do jazz e da música instrumental. Disponibilizado abaixo o magistral “Mauve”, de Christer Fredriksen:
https://www.christerfredriksen.no/
https://open.spotify.com/artist/5n8HJYTzcC6M5PaCPnhBNP?si=CmZGDm54T3StV2JV0IlgwA&dl_branch=1