Seu início é regido por uma combinação sonora audaciosa e autêntica. Enquanto o classicismo da delicadeza e charme do piano se une com a modernidade e distorção da guitarra, a atmosfera sugerida propõe uma interessante fusão entre dulçor e aspereza em uma clara metáfora de luz e sombra.
O piano desliza com suavidade pela dianteira melódica, enquanto a guitarra, por sua vez, entra em cena por meio de suspiros ásperos, mas sem causar evidente e imediato desconforto. Esse é o cenário que compreende o amanhecer da obra, o qual é rodeado por um céu acinzentado com poucos feixes de luz solar, sensibilidade cenográfica essa que é amplificada com o início do primeiro verso.
Nele, a bateria entra em cena se posicionando com igual fluidez, mas agraciada por necessários toques de precisão em meio à sua desenvoltura simples, ao passo que o enredo lírico começa a ser desenhado. E o responsável por isso é uma voz feminina aguda no limite da estridência. Eis Heliara entregando doses extras de dramaticidade misturadas com pitadas viscerais através de sua interpretação verbal.
Delicadamente harmônica e crescendo de maneira a destacar a sua essência melodramática, Cloak Of Fear leva o espectador para um refrão embebido em uma linearidade estética em que, definitivamente, o enredo lírico é o que prende a atenção do espectador.
Afinal, na faixa Heliara dialoga sobre ansiedade e perda de autoestima por meio da experimentação sensorial de sombrio e luminoso através de sua melodia. Em meio ao caos, porém, ela dá ao espectador a esperança, enquanto fortalece seu emocional. Assim, muito além do que uma obra que celebra a resiliência, Cloak Of Fear impulsiona o senso de empoderamento.
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