É intrigante a forma como a introdução é estruturada. Afinal, ela surge em uma desenvoltura melódica de postura denotativamente embriagada, enquanto explora curiosas camadas de groove em sua base sonora. Agraciada por tilintares tiquetateantes e opacos espalhados pela atmosfera, a canção já é capaz de transpirar uma intrigante, mas, acima de tudo, hipnótica sensualidade.
Enquanto essa atmosfera digital vai se desenvolvendo, a canção passa a explorar traços mais entorpecentes com a entrada de uma sonoridade adocicadamente ácida que propõe um mergulhar profundo no inconsciente. A partir daí, inclusive, o etéreo se funde ao atmosférico em um circuito transcendental vislumbrante.
Charmosa, em certos aspectos, STEPPENWÖLFE, agora marcada de forma definitiva pela sua paisagem drum n’ bass, acaba ofertando uma ambiência dançante que, gradativamente, vai se tornando irresistível. Tão sintética quanto a paisagem sonora dos anos 70, a canção, sob domínio de Antoine Guigan, consegue trazer texturas assombrosas que enaltecem o senso de fragilidade no ouvinte ao mesmo tempo em que soa como uma espécie de entretenimento sadomasoquista transcendental.
Explorando um misto de sensações conflitantes no espectador, STEPPENWÖLFE se perde por entre toques de uma acidez estridente, enquanto, curiosamente, oferece uma espécie de conforto sintético que acalenta, mesmo que ligeiramente, a inquietação emocional do ouvinte. Ainda, a faixa traz um quê de eruditismo ao passo em que oferta punchs pontuais do tímpano que engrandece o escopo percussivo de seu enredo.
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